terça-feira, 30 de novembro de 2010

Do Complexo do Alemão ao Complexo da CBF

Assim como existe o Complexo do Alemão, também existe o Complexo da CBF. E olha, acredito que seja bem mais complexo que o do Alemão.

Lá no Alemão já se sabe o que tinha e o que tem, mas na CBF...
A gestão de Ricardo Teixeira sempre foi uma caixa mais do que preta; roxa de tão preta.

Agora há denúncias de corrupção sendo divulgadas mundo afora. Aqui no Brasil parece haver um pacto de silêncio sempre que se fala de Ricardo Teixeira. É como se ninguém quisesse falar sobre esse Senhor que ficou grisalho a frente de uma das mais poderosas associações esportivas do Mundo. São milhões de reais em patrocínios e muito poder sobre o esporte preferido no Brasil.

A Globo não quer perder o campeonato brasileiro e nem a influência sobre a seleção; a Record quer tirar o "pão" da globo; os outros canais ficam feito pombos recolhendo as migalhas e o restante da imprensa não tem poder e nem interesse em mexer nesse vespeiro.

Ouso dizer que se mexerem no Complexo da CBF até títulos de campeonatos serão colocados sob suspeição. Por isso e por outros interesses financeiros, os Clubes todos se calam. Parece um pacto de sangue.

Agora vem a copa do mundo de 2014, no Brasil, e Teixeira, mais uma vez, já se articula para ficar com todo o poder de organização do maior evento esportivo do mundo, depois da olimpíada. Muito dinheiro vai rolar e o Presidente da CBF tem muito interesse em "cuidar" dessa grana toda.

Até quando o desmando e a suspeição continuarão sobre a CBF, não se sabe. O certo é que mexer na CBF é quase mais difícil e perigoso do que entrar no Complexo do Alemão. Quem vai ter coragem de fazer isso? Talvez o Capitão Nascimento em Tropa de Elite III.

sábado, 27 de novembro de 2010

A Globo distorce tudo

Cada dia me impressiono mais com a capacidade da Globo de distorcer as coisas. O Ministro da Fazenda Guido Mantega sugeriu criar um novo índice de inflação, a fim de desindexar os índices que reajustam tarifas, como luz, por exemplo.

A Globo noticiou que o ministro quer mudar o cálculo da inflação e "caiu de pau", alegando que com isso o índice seria mascarado.

Mostrou opinião de alguns economistas, mas as manifestações foram parcialmente ao ar, sem deixar muito claro qual a real opinião. Enfim, a imagem que passou não foi a de que com a desindexação os reajustes das tarifas serão menores e isso vai beneficiar a população, mas que o governo quer mascarar os índices inflacionários.

Destaque-se que em nunhum momento Mantega falou em acabar com os índices oficiais atuais. O que o Ministro da Fazenda sugeriu, foi criar novo índice inflacionário, sem incluir no cálculo o impacto do reajuste de alimentos, para citar uma das mudanças. Esse novo indicador seria oficializado como parâmetro para reajute da conta de luz, por exemplo. Convenhamos que, de fato, o resjuste dos alimentos não tem lá muita relação com conta de energia elétrica. Ou será que o uso do microondas impacta tanto assim nas contas?

Será que a Globo conseguirá, algum dia, dar uma notícia sobre o governo Dilma sem distorcer, inventar, omitir, sub ou superdimensionar?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Grande Mídia: Onde o calo dói

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Onde o calo dói

Por Venício A. de Lima em 23/11/2010, via Observatório da Imprensa


No auge da disputa eleitoral de 2010, quando o governo e a grande mídia faziam acusações mútuas, o presidente Lula, em entrevista concedida ao portal Terra, travou o seguinte diálogo com seus entrevistadores:

Terra – (...) O senhor tem feito críticas duras, dizendo que a imprensa, a mídia tem um candidato e não tem coragem de assumir e, ao mesmo tempo, o contraditório diz que existiria um Projeto Político (...) para "enquadrar meios de comunicação". (...) O que mais incomoda o senhor: é a cobertura (ser) crítica de um lado e não existir a investigação sobre os demais candidatos? Seria isso? (...) O senhor está dizendo que ela [a imprensa] é desequilibrada? Só está cobrindo um lado e não está cobrindo...

Presidente Lula – (...) Eu acho que a imprensa está cumprindo um papel importante quando ela denuncia. Por quê? Ou você sabe por que alguém denunciou, ou você sabe por que alguém cobriu ou você sabe por que saiu na imprensa. Quando sai alguma coisa na imprensa você vai atrás. (...) Vou te dar um exemplo, sem citar jornal. Na campanha passada, os caras diziam, "porque o avião do Lula...", porque o Aerolula... Passando para a sociedade, disseminando umas bobagens, vai despolitizando a sociedade. Agora, estão dizendo que a TV pública é a TV do Lula. Nunca disseram que a TV pública de São Paulo é do governador de São Paulo e as outras são dos outros governadores. Agora, uma TV para um presidente que está terminando o mandato daqui a três meses, é a TV Lula. Ou seja, esse carregamento de... composto de... de muita... de muita, eu diria, de muito preconceito ou de muita até, eu diria até, às vezes, ódio, demonstra o que? (...) [a imprensa] se comporta como se o pessoal da Senzala tivesse chegando à Casa Grande. (...) Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais...

Terra – Nos municípios, isto tem uma capilaridade: o chefe político tal...

Presidente Lula – Então, muita gente não gostou quando, no governo, nós pegamos o dinheiro da publicidade e dividimos para o Brasil inteiro. Hoje, o jornalzinho do interior recebe uma parcela da publicidade do governo. Nós fazemos propaganda regional e a televisão regional recebe um pouco de dinheiro do governo. Quando nós distribuímos o dinheiro da cultura, por que só o eixo Rio – São Paulo e não Roraima, e não o Amazonas, e não o Pernambuco, e não o Ceará receber um pouquinho? Então, os homens da Casa Grande não gostam que isso aconteça. (Ver aqui a íntegra da entrevista.)

No trecho da entrevista acima reproduzido, o presidente Lula atribui o comportamento desequilibrado da mídia brasileira (1) ao fato de que "nove ou dez famílias" controlam a comunicação no país; (2) ao preconceito em relação a um operário ter chegado à presidência da República; e (3) à política de regionalização das verbas oficiais de publicidade iniciada em seu governo.

Que a grande mídia brasileira é olipolizada, fundada na propriedade cruzada dos meios e controlada por algumas poucas famílias, em grande parte vinculadas às velhas oligarquias políticas regionais e locais, é fato comprovado e sabido.

Que existe preconceito das "elites" brasileiras em relação à ascensão política de um operário e migrante nordestino que conquistou, em processo democrático e pelo voto, por duas vezes, a presidência da Republica, é tema que tem merecido a atenção de analistas e cientistas políticos pátrios faz tempo.

Estou, todavia, interessado na regionalização das verbas oficias de publicidade.

Mudança radical

De fato, uma importante reorientação na alocação dos recursos publicitários oficiais teve início em 2003: sem variação significativa no total da verba aplicada, o número de municípios cobertos pulou de 182 em 2003 para 2.184, em 2009, e o número de meios de comunicação programados subiu de 499 para 7.047, no mesmo período.

Essa política de regionalização atende aos melhores princípios da "máxima dispersão da propriedade" [ver, neste Observatório, "Concessões de Rádio & TV: Pela máxima dispersão da propriedade"], promove a competição no mercado de comunicações, estimula o mercado de trabalho do setor e, acima de tudo, colabora para o aumento da pluralidade e da diversidade de vozes na democracia brasileira.

Há ainda um longo caminho a ser percorrido para que o Estado cumpra o seu papel e contribuía efetivamente para o cumprimento do "princípio da complementaridade", isto é, do equilíbrio entre os sistemas privado, público e estatal de comunicações, como reza o artigo 223 da Constituição de 1988.

Para isso, a reorientação da distribuição dos recursos da publicidade oficial precisa contribuir, de fato, para o surgimento e a consolidação dos sistemas público e comunitário de mídia no país.

De qualquer maneira, ao final de dois mandatos, a mudança de orientação na distribuição das verbas oficiais de publicidade ficará na história como talvez a principal contribuição do governo Lula no sentido da democratização das comunicações.

Dedo na ferida

Nunca é demais lembrar que o Estado tem sido – direta ou indiretamente – uma das principais e, em muitos casos, a principal fonte de financiamento da mídia privada comercial, seja ela impressa ou eletrônica. Basta verificar quais são os maiores anunciantes dos jornais, das revistas semanais e dos telejornais das redes de televisão privadas do país.

Não é sem razão que colunista – e não os proprietários – da Folha de S.Paulo já acusou o governo Lula de estar promovendo "Bolsa-Mídia" para uma "mídia de cabresto" e de "alimentar uma rede chapa-branca na base de verbas publicitárias" [cf. Fernando de Barros e Silva, "O Bolsa-Mídia de Lula" in Folha de S.Paulo, 01/06/2009 disponível aqui, para assinantes].

Talvez a reorientação da distribuição dos recursos da publicidade oficial explique muito do comportamento da grande mídia nos últimos anos. Afinal, o governo Lula colocou o dedo na ferida, ou melhor, a grande mídia sabe exatamente onde o calo dói.

sábado, 20 de novembro de 2010

A consciência negra que falta

Hoje dia 20/11 comemora-se o dia da consciência negra. Será que há mesmo o que comemorar?

Os negros conquistaram a liberdade, mas a igualdade com os brancos ainda está longe. E isso não acontece apenas por uma questão de oportunidade e, muito menos, por uma questão de capacidade. O problema é social. Os negros, mesmo libertos, sempre foram marginalizados e discriminados por uma grande parcela da nossa sociedade. Essa discriminação não gera conflitos explícitos como nos EUA, por exemplo, mas de forma velada foi, ao longo dos anos, reforçando uma considerável diferença em relação aos brancos no que tange às condições sócio-econômicas.

O problema está na origem da condição social dos negros, libertos mas sem perspectiva e sem incentivo para lograr as ideais condições de subsistência. A solução depende da interferência do estado de forma direta. Também depende da conscientização da sociedade que, apesar de mestiça por natureza, carrega no seu bojo muita intolerância às diferenças.

Se perante Deus somos todos iguais, deveríamos ser também perante a Lei e perante o governo. De qualquer forma, acredito que sem políticas específicas e sem o fortalecimento da educação pública esse processo poderá perdurar por longo tempo. Creio, portanto, que o estabelecimento de cotas para negros e índios em universidades é necessário, ao menos por algum tempo, até que as políticas estruturais tenham o efeito desejado e possam, de fato, permitir igualdade de condições de forma indiscriminada.

Mas não é a Lei de forma compulsória que fará mudar a cultura e o pensamento das pessoas. É necessário educação, conscientização, não apenas de adultos, mas sobretudo das crianças que irão conduzir nosso Brasil no futuro. Ontem ouvi uma professora condendo o governo por dar aumento para os "vagabundos" que não trabalham e recebem o bolsa família. É mais uma forma de preconceito que evidencia o longo e árduo caminhos que temos a percorrer. Quem deveria educar está contribuindo para proliferar intolerância e discriminação. Mais que uma cultura, o adulto com essa postura revela uma crença. Isso não se muda facilmente.

Devemos ser intransigentes na luta para romper com esse sistema de exclusão que não atinge apenas negros, mas também homossexuais, mulheres, nordestinos, índios, pobres, dentre outros. É imperioso, portanto, que haja uma grande mobilização da sociedade civil para desmontar focos de resistência ao ideal de igualdade, liberdade e fraternidade, para que deixe de ser um sonho e se torne uma feliz realidade a todos os brasileiros. É imprescindível que se busque a politização da sociedade; que se debata essas questões para estimular a reflexão e, de alguma forma, a mudança de comportamento.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A cada um a sua democracia; FSP e o arquivo de Dilma

por Izaías Almada

Não é curioso, amigo leitor, que ao terminar a primeira década do século XXI, a velha imprensa brasileira (aqui no sentido de antiga mesmo e carcomida) insista em não querer aceitar a vitória da presidente Dilma Roussef? Ou melhor: insista em “investigar” o passado da candidata eleita, substituindo a polícia da ditadura civil/militar que infelicitou o país nos anos 60?

Porque não é outra a atitude do jornal Folha de São Paulo ao se regozijar com a abertura dos arquivos de posse do Superior Tribunal Militar, pomposamente recebida como uma “vitória da sociedade brasileira”, para bisbilhotar sobre o passado de uma ex-presa política.

Vitória da sociedade brasileira? A quem quer enganar mais uma vez a FSP? O que quer o jornal do Sr. Otávio Frias Filho? Dependurar a presidente Dilma Roussef no pau de arara novamente em nome da sua democracia? Já não basta o sofrimento do passado? Quer o jornal, na sua arrogância e ignomínia, mostrar aos milhões de brasileiros que votaram no futuro e repudiaram o passado, que a candidata que escolheram não era a melhor opção para o Brasil pós-Lula?

Querem limpar a barra com a ficha falsa que publicaram e nunca desmentiram? Bobagem, não deveriam perder tempo com isso. À exceção daqueles que ainda não perceberam que tipo de democracia a Folha defende, o jornal perde a cada dia que passa a credibilidade daqueles que ainda a lêem. Seria bom que os seus anunciantes começassem a pensar seriamente nisto.

O Brasil da Folha de São Paulo (e de outros órgãos de imprensa muito bem identificados) insistem na tática da desinformação, da meia verdade ou da meia mentira, o que vem dar no mesmo, usando aquilo a que chamam de liberdade de imprensa, da sua liberdade de imprensa, bem entendido, como uma espécie de chantagem moral (aqui sim) sobre toda a sociedade brasileira. Uma chantagem que ainda conta com o beneplácito de muitos de seus incautos leitores ou do apoio daqueles que insistem em querer dividir o país através do preconceito, do ódio, da intolerância.

Não foi por acaso que o jornal defendeu até onde pôde a candidatura de José Serra, político supostamente de passado esquerdista e a quem coube destampar o caldeirão do fascismo adormecido em mentes e corações que não suportam ainda a possibilidade de milhões de brasileiros ascenderem socialmente, ainda que essa ascensão seja modesta, não só àquilo que merece qualquer ser humano, mas em relação ao padrão de vida que levam tais intolerantes e antidemocratas.

A Folha insiste em caminhar na contramão da História. Na mesma semana em que as Forças Armadas bolivianas se declaram socialistas, nacionalistas e antiimperialistas, num país que carregou durante anos e anos o anátema de ter o maior índice de golpes de estado na América Latina, o jornal paulista alegra-se em conseguir abrir parcialmente alguns arquivos da ditadura e com isso, julga, poder mostrar o “passado negro” da nova presidente da República.

Triste jornalismo esse, feito de frustração, raiva, incompetência, tentativa de manipulação, desrespeito aos próprios leitores e – sobretudo – desprezo aos valores democráticos que, cinicamente, transfere aos seus adversários.

Não sei, e penso que poucos saberão, o que fará o jornal com aquilo que encontrar nos tais arquivos. Se ainda restar um pouco de dignidade ao seu conselho editorial, honrando a memória de alguns grandes e sérios jornalistas que por lá passaram, como Cláudio Abramo, por exemplo, deixarão de lado prováveis ressentimentos pessoais com o presidente Lula e com a presidente eleita e talvez reconheçam que um processo montado com “verdades’ e confissões sob tortura não é necessariamente uma peça íntegra e confiável de testemunho histórico. Afirmo-o com a convicção de quem passou pela mesma situação e, após dois anos de prisão, foi absolvido pela Justiça Militar.

Caso contrário, o jornal mostrará em definitivo qual é a democracia que defende e de qual liberdade de imprensa se utiliza, humilhando mais uma vez toda uma geração que lutou por liberdade, respeito e igualdade entre seus semelhantes.
Com isso, mostrará também às novas gerações que o uso de seus veículos para conduzir presos naqueles anos de chumbo foi mais do que uma ajuda interesseira e circunstancial, concedendo-lhes nós o benefício da dúvida.

Será essa “a grande vitória da sociedade brasileira”? Ou será aquela configurada nas urnas no último 31 de outubro?

Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A imprensa dominante e seu universo paralelo

Todo mundo sabe que a imprensa tradicional do Brasi é viciada, mas não custa a gente entender um pouco melhor e relembrar. Temos memória curta por tradição. Ainda bem que temos a internet para apoiar a mente enquanto refletimos.

Via Crônicas do Motta

Quando comecei a trabalhar no Estadão, no fim da década de 80, havia no jornal uma tal contaminação entre notícia e opinião que o nome de Leonel Brizola não podia ser publicado: ele era o "caudilho" e ponto.
Certo dia, pressionada pelo crescimento da Folha, a direção resolveu agir, mudou o comando da redação e deu ao novo chefe liberdade para fazer o que julgasse certo.
Ele então decretou que a opinião ficava restrita às páginas 2 e 3, de artigos e editoriais. O restante das páginas estaria reservado às notícias.
Claro que nunca foi bem assim, que as pautas eram mais ou menos dirigidas, que os títulos eram mais ou menos parciais, mas, de toda forma, houve um avanço na qualidade do jornalismo que o Estadão fazia. Pelo menos ninguém precisou mais chamar Brizola de "caudilho"...
Hoje, se isso não ocorre, existe algo pior na imprensa brasileira, não só no Estadão. É que não dá mais para confiar em nenhuma notícia que se lê: todas estão contaminadas pela ideologia política dos donos das empresas - e, como se sabe, eles são de um reacionarismo de doer.
Qualquer coisa que acontece no país vira um panfleto contra o governo, como esse caso recente do Enem. Ora, a notícia seria se, num exame aplicado para mais de 4 milhões de estudantes de uma só vez, não se registrasse nenhuma anormalidade. Mas quem leu a cobertura dos jornalões fica com a certeza de que o Enem foi feito por um bando de paspalhões e que a única solução para evitar que os pobres estudantes sejam prejudicados é acabar com a prova.
Se esse tipo de jornalismo mentiroso e calhorda ficasse restrito a um caso, tudo bem, a gente poderia dizer que ele é uma exceção. Não é isso, porém, o que ocorre. Praticamente tudo o que é editado passa por um filtro que distorce a realidade e a transforma naquilo que os jornais gostariam que fosse - eles espelham um mundo imaginário, que existe apenas nas cabeças de algumas pessoas.
Tenho certeza que esse modelo de jornalismo é suicida, que não vai durar muito tempo. Com a internet as pessoas percebem quase imediatamente o conto do vigário que os jornais estampam.
E não deixa de ser um exercício muito interessante ficar na plateia, observar esse jogo se desenvolver, ver as jogadas desesperadas do lado que inevitavelmente vai ser derrotado.


Carlos Motta é jornalista profissional diplomado e está na ativa desde a década de 70

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Haddad: ENEM é a banda larga que leva o pobre à faculdade

Reproduzo abaixo texto de Paulo Henrique Amorim, publicado no seu Blog Conversa Afiada, sobre o ENEM, a polêmica do momento. Precisamos entender e não acreditar cegamente no que a imprensa divulga.

Haddad: ENEM é a banda larga que leva o pobre à faculdade

Para entar na faculdade de Direito da Universidade de Harvard, Barack Obama teve que fazer o ENEM (lá conhecido como SAT).

Sessenta países membros da OCDE submetem os estudantes ao ENEM – lá conhecido como teste PISA.

O Toffel de proficiência em inglês é um ENEM.

É um sistema universal, comparável, utilizado há 60 anos e há quinze no Brasil.

O usa o método TRI – perguntas diferentes com idêntido grau de dificuldade.

Só assim é possvel aplicar o ENEM em dias diferentes, locais distantes e, no Brasil, em 1.600 cidades do país e a três milhões de estudantes.

É o sistema que seleciona os alunos do ProUni, os que se submetem à Prova Brasil, à Provinha Brasil, ao Enseja e, proximamemnte, aos financiados pelo FIES.

(Na gestão Haddad, o FIES passou a dispensar fiador. E, se o aluno cursar Medicina ou se tornar professor de escola pública, não paga o financiamento – o Estado paga tudo. Que horror !)

Para se inscrever no ENEM, o candidato paga R$ 35.

Mas, se for egresso de escola pública ou se demonstrar que é pobre não paga nada.

Oitenta e três mil vagas de universidades públicas federais serão preenchidas pelo ENEM.

Com os 150 mil alunos do ProUni – que sempre tiveram que fazer o ENEM (para o Agripino Maia e a Monica Serra não dizerem que o ProUni é o “Bolsa Aluno vagabundo”) com os alunos do ProUni, serão 230 mil vagas de universitários do país aprovados no ENEM.

Para o aluno, o ENEM traz inúmeras vantagens.

Ele pode fazer a prova em qualquer uma das 1.600 cidades e se qualificar para estudar em qualquer faculdade do país.

Ele não precisa se deslocar para o local da faculdade.

Não precisa se preparar em cursinho para se qualificar em curriculos de vestibulares diferentes.

O ensino médio deve ser suficiente para levá-lo a uma faculdade, passado o ENEM.

É mais barato e mais racional: ele compara a média dele com a de seus concorrentes e avalia para onde mais é mais razoável ir.

Estas são informações extraídas de entrevista que este ordinário blogueiro fez com o Ministro Fernando Haddad, que vai ao ar esta terça feira às 21h00 na Record News.

Perguntei se ele concordaria com a minha suposição de que o ENEM é a banda larga para o pobre chegar à faculdade.

Ele disse que sim.

E acrescentou.



“Eu costumo dizer que assim como “saudade” não tem tradução, “vestibular” também não.”


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A continuidade do que está dando certo

O povo brasileiro elegeu Dilma presidenta. Dilma chega ao poder ancorada por Lula, o presidente que provocou uma profunda transformação política e social, mas também econômica em nosso país.

É uma vitória emblemática, da primeira mulher a presidir o Brasil, sem nunca ter disputado cargo político algum. Até sua candidatura, Dilma era quase uma desconhecida. Mas quem ganhou mesmo, não foi Dilma; foi o projeto. Ao contrário de Serra, Dilma nunca revelou ambição de ser presidente. Aceitou o desafio para levar adiante um governo onde o presidente tem mais de 80% de aprovação, o que demonstra o tamanho de sua responsabilidade.

Dilma está preparada. Uma mulher que enfrenta a ditadura, fica três anos presa, sofrendo torturas terríveis, sem delatar seus colegas; que luta e vence um cancer; capaz de assumir desafios antes impensáveis para as mulheres e vence, não pode, definitivamente, ser subestimada.

Outra grande prova da capacidade de luta e resistência de Dilma está nessa campanha, uma das piores da história. Dilma a enfrentou com dignidade e serenidade. Seu principal oponente foi capaz de se aliar aos movimentos fascistas da extrema-direita para tentar ganhar a eleição. Usou táticas de guerra para minar o campo lulista. Serra teve ao seu lado setores da imprensa que se posicionaram, se não todos claramente, ao menos evidentemente, procurando reforçar o anti-petismo e a imagem negativa de Dilma.

De forma sorrateira, PSDB e aliados instigaram a discriminação religiosa, social, política, racial e sexual. Atacaram a vida pessoal de Dilma, imputando-lhe de forma mentirosa comportamentos e posturas reprováveis à maioria conservadora da sociedade brasileira. E muitos acreditaram, seja por desinformação, por ignorância ou por conveniência.

Assim foi a campanha de Serra: uma constante exploração das fraquezas de nossa sociedade, tentando desviar o foco do debate de idéias e projetos, campo em que a comparação de Lula com FHC não lhe permitia a mínima chance de vitória.

A campanha de Serra foi um atentado ao bom-senso, a democracia, a liberdade e a dignidade de um povo, tendo deixado rescaldos entre seus eleitores. Vejo com imensa tristeza a proliferação da xenofobia contra os nordestinos, região onde Dilma teve ampla maioria. Trata-se de uma atitude rediculamente estúpida essa discriminação entre irmãos de pátria. Ignoram os neo-nazistas tupiniquins que Dilma não foi eleita só pelos votos do nordeste. Não consideram que o Nordeste, outrora esquecido, está sendo tratado por Lula em pé de igualdade com o restante do país, as vezes até melhor, o que se justifica pelas imensas carências sociais. Querem encontrar alguém para colocar a culpa pelo fracasso, para jogar seu rancor. Esse tipo de comportamento é profundamente lamentável e não se pode esperar outra coisa de nossa sociedade a não ser uma dura rejeição, preservando a unidade nacional, a tolerância e a paz no Brasil.

Precisamos entender e aceitar que a eleição passou. É hora de união e trabalho. Embora tenha sido um ótimo governante, Lula não acertou em tudo e também não teve tempo de fazer outras tantas coisas. Há muito a fazer pelo Brasil.

Dilma tem alguns desafios: economia (reforma tributária, câmbio), reforma política, investimento em infra-estrutura, erradicação da pobreza, saúde pública, educação, copa do mundo e olimpíadas considero os principais. Apoio político na câmara e no senado Ela tem. Precisa aproveitar e fazer as reformas logo em 2011. É urgente a fim de que continuemos avançando para nos tornarmos uma nação de primeiro mundo. Espero e desejo que a sociedade brasileira como um todo recobre a serenidade, a fé e colabore com amor no coração para que o governo Dilma tenha sucesso. Será o sucesso de todo povo brasileiro.