quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A farra dos reajustes dos deputados

Deputados federais aprovaram um módico resjute salarial: mais de 60%, quando a maioria dos trabalhadores conseguiu no máximo 6%. Verdade que faz 4 anos que o salário não era reajustado. De qualquer forma, aumento de tamanho vulto é injustificável.

O pior é que na esteira dos deputados federais, as assembléias estaduais também estão tratando de dar um presentinho aos eleitos para a próxima legislatura. No Rio Grande do Sul, por exemplo, deputados aprovaram aumento proporcionalmente superior ao dos deputados federais: 73%. Votaram contra os deputados do PT, que apresentaram uma proposta mais modesta, a qual sequer foi apreciada pelos colegas das outras siglas, sedentos por um Papai Noel bem gordo. Tal abuso foi possível devido prerrogativa constitucional que permite aos estaduais receberem até 75% do que ganham os deputados federais.

Próximo passo: reajuste dos vereadores. Certamente irão usar a mesma lógica. Impacto dessa brincadeira toda: mais de R$ 3 bilhões.

Nossos políticos fazem farra com o dinheiro público e nem ficam vermelhos. Sabe porquê? Porque eles estão aprovando o reajuste antes do início da nova legislatura. Até a próxima eleição quantos lembrarão quem votou a favor e quem votou contra esse reajuste? Quase ninguém. Se a dois meses da eleição quase 1/4 das pessoas nem lembram mais em quem votaram, segundo o Vox Populi, daqui a 4 longos anos, quantos lembrarão? Quem vai refrescar a memória das pessoas? Partido algum. Todos estão comprometidos. A menos que nós, cidadãos, criemos meios de preservar essa informação e trazê-la à tona no momento oportuno.

É necessário dar um basta. Falta bom senso e responsabilidade, para pegar bem leve.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Dilma sequer tomou posse e o PSDB já pensa em 2014

Pouco mais de um mês após a realização do segundo turno da eleição presidencial o PSDB já está pensando em 2014. Quer definir o candidato até 2012.

Aécio Neves, Senador eleito por Minas Gerais, está criticando a decisão do partido, chamando-a de "amadora". O próprio Aécio, entretanto, já está trabalhando pela sua candidatura em 2014.

São muitas reuniões em Brasília, com gente do PSDB, do DEM e do PSB, partido que tem flertado com Aécio.

É impressionante como certos políticos tem a capacidade de só pensar no seu umbigo. Aécio tem pouca coisa em comum com o estilo de José Serra, mas além de dividir o mesmo partido, ao menos por enquanto, Aécio tem o mesmo desejo pessoal que Serra: ser Presidente da República. É uma ambição pessoal, não a defesa de um projeto.
Os dossiês encomendados por Aécio contra Serra e vice-versa, no período de prévias do partido, mal divulgados durante a eleição, mostram que o jogo no PSDB é pesado; briga de cachorro grande.

Se o PSDB paulista, entenda-se Serra e FHC, não largar o osso, Aécio irá "voar" para outro ninho. Dizem que vai para o PSB. O PSB quer Aécio. O deputado Ciro Gomes tem boa relação com Ele. Os Governadores Eduardo Campos (Pernambuco) e Cid Gomes (Ceará)também.

Depois de eleger 6 governadores, o PSB acha que pode chegar à presidência. Na verdade, o PSB ensaia Brasil afora uma guinada para o centro, com viés de direita.
A ambição, aguçada pelos resultados eleitorais, pode levar o partido a desgarrar-se do PT. Essa tendência pode ser confirmada se Dilma não atender bem ao partido na distribuição de cargos e na participação com voz ativa no governo.

De qualquer forma, se Aécio de fato for para o PSB, o partido certamente irá tentar trilhar seu próprio caminho, que pode não ser o mesmo das forças progressistas que dominam o atual governo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Do Complexo do Alemão ao Complexo da CBF

Assim como existe o Complexo do Alemão, também existe o Complexo da CBF. E olha, acredito que seja bem mais complexo que o do Alemão.

Lá no Alemão já se sabe o que tinha e o que tem, mas na CBF...
A gestão de Ricardo Teixeira sempre foi uma caixa mais do que preta; roxa de tão preta.

Agora há denúncias de corrupção sendo divulgadas mundo afora. Aqui no Brasil parece haver um pacto de silêncio sempre que se fala de Ricardo Teixeira. É como se ninguém quisesse falar sobre esse Senhor que ficou grisalho a frente de uma das mais poderosas associações esportivas do Mundo. São milhões de reais em patrocínios e muito poder sobre o esporte preferido no Brasil.

A Globo não quer perder o campeonato brasileiro e nem a influência sobre a seleção; a Record quer tirar o "pão" da globo; os outros canais ficam feito pombos recolhendo as migalhas e o restante da imprensa não tem poder e nem interesse em mexer nesse vespeiro.

Ouso dizer que se mexerem no Complexo da CBF até títulos de campeonatos serão colocados sob suspeição. Por isso e por outros interesses financeiros, os Clubes todos se calam. Parece um pacto de sangue.

Agora vem a copa do mundo de 2014, no Brasil, e Teixeira, mais uma vez, já se articula para ficar com todo o poder de organização do maior evento esportivo do mundo, depois da olimpíada. Muito dinheiro vai rolar e o Presidente da CBF tem muito interesse em "cuidar" dessa grana toda.

Até quando o desmando e a suspeição continuarão sobre a CBF, não se sabe. O certo é que mexer na CBF é quase mais difícil e perigoso do que entrar no Complexo do Alemão. Quem vai ter coragem de fazer isso? Talvez o Capitão Nascimento em Tropa de Elite III.

sábado, 27 de novembro de 2010

A Globo distorce tudo

Cada dia me impressiono mais com a capacidade da Globo de distorcer as coisas. O Ministro da Fazenda Guido Mantega sugeriu criar um novo índice de inflação, a fim de desindexar os índices que reajustam tarifas, como luz, por exemplo.

A Globo noticiou que o ministro quer mudar o cálculo da inflação e "caiu de pau", alegando que com isso o índice seria mascarado.

Mostrou opinião de alguns economistas, mas as manifestações foram parcialmente ao ar, sem deixar muito claro qual a real opinião. Enfim, a imagem que passou não foi a de que com a desindexação os reajustes das tarifas serão menores e isso vai beneficiar a população, mas que o governo quer mascarar os índices inflacionários.

Destaque-se que em nunhum momento Mantega falou em acabar com os índices oficiais atuais. O que o Ministro da Fazenda sugeriu, foi criar novo índice inflacionário, sem incluir no cálculo o impacto do reajuste de alimentos, para citar uma das mudanças. Esse novo indicador seria oficializado como parâmetro para reajute da conta de luz, por exemplo. Convenhamos que, de fato, o resjuste dos alimentos não tem lá muita relação com conta de energia elétrica. Ou será que o uso do microondas impacta tanto assim nas contas?

Será que a Globo conseguirá, algum dia, dar uma notícia sobre o governo Dilma sem distorcer, inventar, omitir, sub ou superdimensionar?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Grande Mídia: Onde o calo dói

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Onde o calo dói

Por Venício A. de Lima em 23/11/2010, via Observatório da Imprensa


No auge da disputa eleitoral de 2010, quando o governo e a grande mídia faziam acusações mútuas, o presidente Lula, em entrevista concedida ao portal Terra, travou o seguinte diálogo com seus entrevistadores:

Terra – (...) O senhor tem feito críticas duras, dizendo que a imprensa, a mídia tem um candidato e não tem coragem de assumir e, ao mesmo tempo, o contraditório diz que existiria um Projeto Político (...) para "enquadrar meios de comunicação". (...) O que mais incomoda o senhor: é a cobertura (ser) crítica de um lado e não existir a investigação sobre os demais candidatos? Seria isso? (...) O senhor está dizendo que ela [a imprensa] é desequilibrada? Só está cobrindo um lado e não está cobrindo...

Presidente Lula – (...) Eu acho que a imprensa está cumprindo um papel importante quando ela denuncia. Por quê? Ou você sabe por que alguém denunciou, ou você sabe por que alguém cobriu ou você sabe por que saiu na imprensa. Quando sai alguma coisa na imprensa você vai atrás. (...) Vou te dar um exemplo, sem citar jornal. Na campanha passada, os caras diziam, "porque o avião do Lula...", porque o Aerolula... Passando para a sociedade, disseminando umas bobagens, vai despolitizando a sociedade. Agora, estão dizendo que a TV pública é a TV do Lula. Nunca disseram que a TV pública de São Paulo é do governador de São Paulo e as outras são dos outros governadores. Agora, uma TV para um presidente que está terminando o mandato daqui a três meses, é a TV Lula. Ou seja, esse carregamento de... composto de... de muita... de muita, eu diria, de muito preconceito ou de muita até, eu diria até, às vezes, ódio, demonstra o que? (...) [a imprensa] se comporta como se o pessoal da Senzala tivesse chegando à Casa Grande. (...) Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais...

Terra – Nos municípios, isto tem uma capilaridade: o chefe político tal...

Presidente Lula – Então, muita gente não gostou quando, no governo, nós pegamos o dinheiro da publicidade e dividimos para o Brasil inteiro. Hoje, o jornalzinho do interior recebe uma parcela da publicidade do governo. Nós fazemos propaganda regional e a televisão regional recebe um pouco de dinheiro do governo. Quando nós distribuímos o dinheiro da cultura, por que só o eixo Rio – São Paulo e não Roraima, e não o Amazonas, e não o Pernambuco, e não o Ceará receber um pouquinho? Então, os homens da Casa Grande não gostam que isso aconteça. (Ver aqui a íntegra da entrevista.)

No trecho da entrevista acima reproduzido, o presidente Lula atribui o comportamento desequilibrado da mídia brasileira (1) ao fato de que "nove ou dez famílias" controlam a comunicação no país; (2) ao preconceito em relação a um operário ter chegado à presidência da República; e (3) à política de regionalização das verbas oficiais de publicidade iniciada em seu governo.

Que a grande mídia brasileira é olipolizada, fundada na propriedade cruzada dos meios e controlada por algumas poucas famílias, em grande parte vinculadas às velhas oligarquias políticas regionais e locais, é fato comprovado e sabido.

Que existe preconceito das "elites" brasileiras em relação à ascensão política de um operário e migrante nordestino que conquistou, em processo democrático e pelo voto, por duas vezes, a presidência da Republica, é tema que tem merecido a atenção de analistas e cientistas políticos pátrios faz tempo.

Estou, todavia, interessado na regionalização das verbas oficias de publicidade.

Mudança radical

De fato, uma importante reorientação na alocação dos recursos publicitários oficiais teve início em 2003: sem variação significativa no total da verba aplicada, o número de municípios cobertos pulou de 182 em 2003 para 2.184, em 2009, e o número de meios de comunicação programados subiu de 499 para 7.047, no mesmo período.

Essa política de regionalização atende aos melhores princípios da "máxima dispersão da propriedade" [ver, neste Observatório, "Concessões de Rádio & TV: Pela máxima dispersão da propriedade"], promove a competição no mercado de comunicações, estimula o mercado de trabalho do setor e, acima de tudo, colabora para o aumento da pluralidade e da diversidade de vozes na democracia brasileira.

Há ainda um longo caminho a ser percorrido para que o Estado cumpra o seu papel e contribuía efetivamente para o cumprimento do "princípio da complementaridade", isto é, do equilíbrio entre os sistemas privado, público e estatal de comunicações, como reza o artigo 223 da Constituição de 1988.

Para isso, a reorientação da distribuição dos recursos da publicidade oficial precisa contribuir, de fato, para o surgimento e a consolidação dos sistemas público e comunitário de mídia no país.

De qualquer maneira, ao final de dois mandatos, a mudança de orientação na distribuição das verbas oficiais de publicidade ficará na história como talvez a principal contribuição do governo Lula no sentido da democratização das comunicações.

Dedo na ferida

Nunca é demais lembrar que o Estado tem sido – direta ou indiretamente – uma das principais e, em muitos casos, a principal fonte de financiamento da mídia privada comercial, seja ela impressa ou eletrônica. Basta verificar quais são os maiores anunciantes dos jornais, das revistas semanais e dos telejornais das redes de televisão privadas do país.

Não é sem razão que colunista – e não os proprietários – da Folha de S.Paulo já acusou o governo Lula de estar promovendo "Bolsa-Mídia" para uma "mídia de cabresto" e de "alimentar uma rede chapa-branca na base de verbas publicitárias" [cf. Fernando de Barros e Silva, "O Bolsa-Mídia de Lula" in Folha de S.Paulo, 01/06/2009 disponível aqui, para assinantes].

Talvez a reorientação da distribuição dos recursos da publicidade oficial explique muito do comportamento da grande mídia nos últimos anos. Afinal, o governo Lula colocou o dedo na ferida, ou melhor, a grande mídia sabe exatamente onde o calo dói.

sábado, 20 de novembro de 2010

A consciência negra que falta

Hoje dia 20/11 comemora-se o dia da consciência negra. Será que há mesmo o que comemorar?

Os negros conquistaram a liberdade, mas a igualdade com os brancos ainda está longe. E isso não acontece apenas por uma questão de oportunidade e, muito menos, por uma questão de capacidade. O problema é social. Os negros, mesmo libertos, sempre foram marginalizados e discriminados por uma grande parcela da nossa sociedade. Essa discriminação não gera conflitos explícitos como nos EUA, por exemplo, mas de forma velada foi, ao longo dos anos, reforçando uma considerável diferença em relação aos brancos no que tange às condições sócio-econômicas.

O problema está na origem da condição social dos negros, libertos mas sem perspectiva e sem incentivo para lograr as ideais condições de subsistência. A solução depende da interferência do estado de forma direta. Também depende da conscientização da sociedade que, apesar de mestiça por natureza, carrega no seu bojo muita intolerância às diferenças.

Se perante Deus somos todos iguais, deveríamos ser também perante a Lei e perante o governo. De qualquer forma, acredito que sem políticas específicas e sem o fortalecimento da educação pública esse processo poderá perdurar por longo tempo. Creio, portanto, que o estabelecimento de cotas para negros e índios em universidades é necessário, ao menos por algum tempo, até que as políticas estruturais tenham o efeito desejado e possam, de fato, permitir igualdade de condições de forma indiscriminada.

Mas não é a Lei de forma compulsória que fará mudar a cultura e o pensamento das pessoas. É necessário educação, conscientização, não apenas de adultos, mas sobretudo das crianças que irão conduzir nosso Brasil no futuro. Ontem ouvi uma professora condendo o governo por dar aumento para os "vagabundos" que não trabalham e recebem o bolsa família. É mais uma forma de preconceito que evidencia o longo e árduo caminhos que temos a percorrer. Quem deveria educar está contribuindo para proliferar intolerância e discriminação. Mais que uma cultura, o adulto com essa postura revela uma crença. Isso não se muda facilmente.

Devemos ser intransigentes na luta para romper com esse sistema de exclusão que não atinge apenas negros, mas também homossexuais, mulheres, nordestinos, índios, pobres, dentre outros. É imperioso, portanto, que haja uma grande mobilização da sociedade civil para desmontar focos de resistência ao ideal de igualdade, liberdade e fraternidade, para que deixe de ser um sonho e se torne uma feliz realidade a todos os brasileiros. É imprescindível que se busque a politização da sociedade; que se debata essas questões para estimular a reflexão e, de alguma forma, a mudança de comportamento.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A cada um a sua democracia; FSP e o arquivo de Dilma

por Izaías Almada

Não é curioso, amigo leitor, que ao terminar a primeira década do século XXI, a velha imprensa brasileira (aqui no sentido de antiga mesmo e carcomida) insista em não querer aceitar a vitória da presidente Dilma Roussef? Ou melhor: insista em “investigar” o passado da candidata eleita, substituindo a polícia da ditadura civil/militar que infelicitou o país nos anos 60?

Porque não é outra a atitude do jornal Folha de São Paulo ao se regozijar com a abertura dos arquivos de posse do Superior Tribunal Militar, pomposamente recebida como uma “vitória da sociedade brasileira”, para bisbilhotar sobre o passado de uma ex-presa política.

Vitória da sociedade brasileira? A quem quer enganar mais uma vez a FSP? O que quer o jornal do Sr. Otávio Frias Filho? Dependurar a presidente Dilma Roussef no pau de arara novamente em nome da sua democracia? Já não basta o sofrimento do passado? Quer o jornal, na sua arrogância e ignomínia, mostrar aos milhões de brasileiros que votaram no futuro e repudiaram o passado, que a candidata que escolheram não era a melhor opção para o Brasil pós-Lula?

Querem limpar a barra com a ficha falsa que publicaram e nunca desmentiram? Bobagem, não deveriam perder tempo com isso. À exceção daqueles que ainda não perceberam que tipo de democracia a Folha defende, o jornal perde a cada dia que passa a credibilidade daqueles que ainda a lêem. Seria bom que os seus anunciantes começassem a pensar seriamente nisto.

O Brasil da Folha de São Paulo (e de outros órgãos de imprensa muito bem identificados) insistem na tática da desinformação, da meia verdade ou da meia mentira, o que vem dar no mesmo, usando aquilo a que chamam de liberdade de imprensa, da sua liberdade de imprensa, bem entendido, como uma espécie de chantagem moral (aqui sim) sobre toda a sociedade brasileira. Uma chantagem que ainda conta com o beneplácito de muitos de seus incautos leitores ou do apoio daqueles que insistem em querer dividir o país através do preconceito, do ódio, da intolerância.

Não foi por acaso que o jornal defendeu até onde pôde a candidatura de José Serra, político supostamente de passado esquerdista e a quem coube destampar o caldeirão do fascismo adormecido em mentes e corações que não suportam ainda a possibilidade de milhões de brasileiros ascenderem socialmente, ainda que essa ascensão seja modesta, não só àquilo que merece qualquer ser humano, mas em relação ao padrão de vida que levam tais intolerantes e antidemocratas.

A Folha insiste em caminhar na contramão da História. Na mesma semana em que as Forças Armadas bolivianas se declaram socialistas, nacionalistas e antiimperialistas, num país que carregou durante anos e anos o anátema de ter o maior índice de golpes de estado na América Latina, o jornal paulista alegra-se em conseguir abrir parcialmente alguns arquivos da ditadura e com isso, julga, poder mostrar o “passado negro” da nova presidente da República.

Triste jornalismo esse, feito de frustração, raiva, incompetência, tentativa de manipulação, desrespeito aos próprios leitores e – sobretudo – desprezo aos valores democráticos que, cinicamente, transfere aos seus adversários.

Não sei, e penso que poucos saberão, o que fará o jornal com aquilo que encontrar nos tais arquivos. Se ainda restar um pouco de dignidade ao seu conselho editorial, honrando a memória de alguns grandes e sérios jornalistas que por lá passaram, como Cláudio Abramo, por exemplo, deixarão de lado prováveis ressentimentos pessoais com o presidente Lula e com a presidente eleita e talvez reconheçam que um processo montado com “verdades’ e confissões sob tortura não é necessariamente uma peça íntegra e confiável de testemunho histórico. Afirmo-o com a convicção de quem passou pela mesma situação e, após dois anos de prisão, foi absolvido pela Justiça Militar.

Caso contrário, o jornal mostrará em definitivo qual é a democracia que defende e de qual liberdade de imprensa se utiliza, humilhando mais uma vez toda uma geração que lutou por liberdade, respeito e igualdade entre seus semelhantes.
Com isso, mostrará também às novas gerações que o uso de seus veículos para conduzir presos naqueles anos de chumbo foi mais do que uma ajuda interesseira e circunstancial, concedendo-lhes nós o benefício da dúvida.

Será essa “a grande vitória da sociedade brasileira”? Ou será aquela configurada nas urnas no último 31 de outubro?

Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A imprensa dominante e seu universo paralelo

Todo mundo sabe que a imprensa tradicional do Brasi é viciada, mas não custa a gente entender um pouco melhor e relembrar. Temos memória curta por tradição. Ainda bem que temos a internet para apoiar a mente enquanto refletimos.

Via Crônicas do Motta

Quando comecei a trabalhar no Estadão, no fim da década de 80, havia no jornal uma tal contaminação entre notícia e opinião que o nome de Leonel Brizola não podia ser publicado: ele era o "caudilho" e ponto.
Certo dia, pressionada pelo crescimento da Folha, a direção resolveu agir, mudou o comando da redação e deu ao novo chefe liberdade para fazer o que julgasse certo.
Ele então decretou que a opinião ficava restrita às páginas 2 e 3, de artigos e editoriais. O restante das páginas estaria reservado às notícias.
Claro que nunca foi bem assim, que as pautas eram mais ou menos dirigidas, que os títulos eram mais ou menos parciais, mas, de toda forma, houve um avanço na qualidade do jornalismo que o Estadão fazia. Pelo menos ninguém precisou mais chamar Brizola de "caudilho"...
Hoje, se isso não ocorre, existe algo pior na imprensa brasileira, não só no Estadão. É que não dá mais para confiar em nenhuma notícia que se lê: todas estão contaminadas pela ideologia política dos donos das empresas - e, como se sabe, eles são de um reacionarismo de doer.
Qualquer coisa que acontece no país vira um panfleto contra o governo, como esse caso recente do Enem. Ora, a notícia seria se, num exame aplicado para mais de 4 milhões de estudantes de uma só vez, não se registrasse nenhuma anormalidade. Mas quem leu a cobertura dos jornalões fica com a certeza de que o Enem foi feito por um bando de paspalhões e que a única solução para evitar que os pobres estudantes sejam prejudicados é acabar com a prova.
Se esse tipo de jornalismo mentiroso e calhorda ficasse restrito a um caso, tudo bem, a gente poderia dizer que ele é uma exceção. Não é isso, porém, o que ocorre. Praticamente tudo o que é editado passa por um filtro que distorce a realidade e a transforma naquilo que os jornais gostariam que fosse - eles espelham um mundo imaginário, que existe apenas nas cabeças de algumas pessoas.
Tenho certeza que esse modelo de jornalismo é suicida, que não vai durar muito tempo. Com a internet as pessoas percebem quase imediatamente o conto do vigário que os jornais estampam.
E não deixa de ser um exercício muito interessante ficar na plateia, observar esse jogo se desenvolver, ver as jogadas desesperadas do lado que inevitavelmente vai ser derrotado.


Carlos Motta é jornalista profissional diplomado e está na ativa desde a década de 70

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Haddad: ENEM é a banda larga que leva o pobre à faculdade

Reproduzo abaixo texto de Paulo Henrique Amorim, publicado no seu Blog Conversa Afiada, sobre o ENEM, a polêmica do momento. Precisamos entender e não acreditar cegamente no que a imprensa divulga.

Haddad: ENEM é a banda larga que leva o pobre à faculdade

Para entar na faculdade de Direito da Universidade de Harvard, Barack Obama teve que fazer o ENEM (lá conhecido como SAT).

Sessenta países membros da OCDE submetem os estudantes ao ENEM – lá conhecido como teste PISA.

O Toffel de proficiência em inglês é um ENEM.

É um sistema universal, comparável, utilizado há 60 anos e há quinze no Brasil.

O usa o método TRI – perguntas diferentes com idêntido grau de dificuldade.

Só assim é possvel aplicar o ENEM em dias diferentes, locais distantes e, no Brasil, em 1.600 cidades do país e a três milhões de estudantes.

É o sistema que seleciona os alunos do ProUni, os que se submetem à Prova Brasil, à Provinha Brasil, ao Enseja e, proximamemnte, aos financiados pelo FIES.

(Na gestão Haddad, o FIES passou a dispensar fiador. E, se o aluno cursar Medicina ou se tornar professor de escola pública, não paga o financiamento – o Estado paga tudo. Que horror !)

Para se inscrever no ENEM, o candidato paga R$ 35.

Mas, se for egresso de escola pública ou se demonstrar que é pobre não paga nada.

Oitenta e três mil vagas de universidades públicas federais serão preenchidas pelo ENEM.

Com os 150 mil alunos do ProUni – que sempre tiveram que fazer o ENEM (para o Agripino Maia e a Monica Serra não dizerem que o ProUni é o “Bolsa Aluno vagabundo”) com os alunos do ProUni, serão 230 mil vagas de universitários do país aprovados no ENEM.

Para o aluno, o ENEM traz inúmeras vantagens.

Ele pode fazer a prova em qualquer uma das 1.600 cidades e se qualificar para estudar em qualquer faculdade do país.

Ele não precisa se deslocar para o local da faculdade.

Não precisa se preparar em cursinho para se qualificar em curriculos de vestibulares diferentes.

O ensino médio deve ser suficiente para levá-lo a uma faculdade, passado o ENEM.

É mais barato e mais racional: ele compara a média dele com a de seus concorrentes e avalia para onde mais é mais razoável ir.

Estas são informações extraídas de entrevista que este ordinário blogueiro fez com o Ministro Fernando Haddad, que vai ao ar esta terça feira às 21h00 na Record News.

Perguntei se ele concordaria com a minha suposição de que o ENEM é a banda larga para o pobre chegar à faculdade.

Ele disse que sim.

E acrescentou.



“Eu costumo dizer que assim como “saudade” não tem tradução, “vestibular” também não.”


Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A continuidade do que está dando certo

O povo brasileiro elegeu Dilma presidenta. Dilma chega ao poder ancorada por Lula, o presidente que provocou uma profunda transformação política e social, mas também econômica em nosso país.

É uma vitória emblemática, da primeira mulher a presidir o Brasil, sem nunca ter disputado cargo político algum. Até sua candidatura, Dilma era quase uma desconhecida. Mas quem ganhou mesmo, não foi Dilma; foi o projeto. Ao contrário de Serra, Dilma nunca revelou ambição de ser presidente. Aceitou o desafio para levar adiante um governo onde o presidente tem mais de 80% de aprovação, o que demonstra o tamanho de sua responsabilidade.

Dilma está preparada. Uma mulher que enfrenta a ditadura, fica três anos presa, sofrendo torturas terríveis, sem delatar seus colegas; que luta e vence um cancer; capaz de assumir desafios antes impensáveis para as mulheres e vence, não pode, definitivamente, ser subestimada.

Outra grande prova da capacidade de luta e resistência de Dilma está nessa campanha, uma das piores da história. Dilma a enfrentou com dignidade e serenidade. Seu principal oponente foi capaz de se aliar aos movimentos fascistas da extrema-direita para tentar ganhar a eleição. Usou táticas de guerra para minar o campo lulista. Serra teve ao seu lado setores da imprensa que se posicionaram, se não todos claramente, ao menos evidentemente, procurando reforçar o anti-petismo e a imagem negativa de Dilma.

De forma sorrateira, PSDB e aliados instigaram a discriminação religiosa, social, política, racial e sexual. Atacaram a vida pessoal de Dilma, imputando-lhe de forma mentirosa comportamentos e posturas reprováveis à maioria conservadora da sociedade brasileira. E muitos acreditaram, seja por desinformação, por ignorância ou por conveniência.

Assim foi a campanha de Serra: uma constante exploração das fraquezas de nossa sociedade, tentando desviar o foco do debate de idéias e projetos, campo em que a comparação de Lula com FHC não lhe permitia a mínima chance de vitória.

A campanha de Serra foi um atentado ao bom-senso, a democracia, a liberdade e a dignidade de um povo, tendo deixado rescaldos entre seus eleitores. Vejo com imensa tristeza a proliferação da xenofobia contra os nordestinos, região onde Dilma teve ampla maioria. Trata-se de uma atitude rediculamente estúpida essa discriminação entre irmãos de pátria. Ignoram os neo-nazistas tupiniquins que Dilma não foi eleita só pelos votos do nordeste. Não consideram que o Nordeste, outrora esquecido, está sendo tratado por Lula em pé de igualdade com o restante do país, as vezes até melhor, o que se justifica pelas imensas carências sociais. Querem encontrar alguém para colocar a culpa pelo fracasso, para jogar seu rancor. Esse tipo de comportamento é profundamente lamentável e não se pode esperar outra coisa de nossa sociedade a não ser uma dura rejeição, preservando a unidade nacional, a tolerância e a paz no Brasil.

Precisamos entender e aceitar que a eleição passou. É hora de união e trabalho. Embora tenha sido um ótimo governante, Lula não acertou em tudo e também não teve tempo de fazer outras tantas coisas. Há muito a fazer pelo Brasil.

Dilma tem alguns desafios: economia (reforma tributária, câmbio), reforma política, investimento em infra-estrutura, erradicação da pobreza, saúde pública, educação, copa do mundo e olimpíadas considero os principais. Apoio político na câmara e no senado Ela tem. Precisa aproveitar e fazer as reformas logo em 2011. É urgente a fim de que continuemos avançando para nos tornarmos uma nação de primeiro mundo. Espero e desejo que a sociedade brasileira como um todo recobre a serenidade, a fé e colabore com amor no coração para que o governo Dilma tenha sucesso. Será o sucesso de todo povo brasileiro.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Baixarias & Tramas

Estamos vivendo no Brasil um dos mais conturbados e controversos processos eleitorais de todos os tempos. Eu diria mais: um dos mais baixos de todos os tempos.

Vemos em ação toda sorte de artimanhas e tramóias visando desviar o foco do debate de propostas. Nesse sentido, a campanha de José Serra está PhD. O uso de boataria, folhetos apócrifos, telemarketing para falar mal da adversária, boatos e fofocas de toda ordem, além da guerra religiosa que tentaram criar, trazendo a tona temas como liberdade de expressão e aborto.

Trata-se de uma das mais sórdidas campanhas visando desconstituir adversários e provocar dúvida no eleitor. A verdade é que a campanha de Serra sabia desde o início que derrotar Dilma e Lula não seria fácil. Sabiam que na base de propostas ou projetos seria difícil. A popularidade de Lula e os evidentes avanços do Brasil esvaziariam o discurso. Diante desse fato inexorável, resolveram atacar de outra forma.

Com táticas de guerra, passaram a promover uma campanha baseada na destruição da imagem da adversária. Toda sorte de recursos foi e está sendo usada. A campanha tucana conta, ainda, com o apoio quase maciço da grande imprensa. De tanto poder que possui esses órgãos ganharam o “carinhoso” apelido de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Há, inclusive, informações de que a CIA (Central de Inteligência Norte-americana) pode estar por trás desses fatos que tentam criar um clima de medo no eleitor.

O mais recente episódio lamentável foi uma briga entre militantes dos dois candidatos no Rio de Janeiro, ao que Serra aproveitou para fazer uma vergonhosa simulação de agressão, após ser atingindo por uma bola de papel. A TV Globo, relembrando seus tempos de apoio a Collor, criou um fato e contratou um perito de conduta duvidosa para atestar sua farça, após ser desmascarada pelo SBT.

As redes sociais se mobilizam e é isso que tem desmascarado a Globo, Serra e Cia, a ponto de colocar as tags no topo das mais twitadas no mundo. O problema é que a grande parcela da população ainda não te acesso a esses meios de comunicação, então ainda não se sabe exatamente o efeito que terá na eleição. O certo é que, quem assistiu as imagens não tem dúvida de que se tratou de uma simulação absurda.

O que está predominando nessa eleição, na campanha do Serra, me parece cada vez mais o velho ditado: “os fins justificam os meios”. O que Serra quer mesmo é o poder, custe o que custar. Até o momento está custando muita dignidade mas, ao que parece, isso não o preocupa e nem os tradicionais barões da imprensa nacional. E vem mais baixarias e tramas por aí até o dia da eleição.

Essa situação vexatória pode até mesmo afetar a credibilidade de nossa democracia. Afinal, como pode um país ser considerado democrático quando há uma ação terrorista e fascista em curso para tentar impedir a vontade popular?

É hora do povo brasileiro dar uma resposta e um basta a esse tipo de prática, que deveria ter ficado esquecida nos porões da idade média.

domingo, 10 de outubro de 2010

Dois pesos...

Reproduzo abaixo texto da Psicanalista Maria Rita Kehl, publicado no Jornal O Estado de São Paulo, e que teria motivado a demissão da Jornalista. Essa é uma prova irrefutável do xenofobismo que toma conta de parte da nossa imprensa. Prova de que a tal "liberdade de imprensa" que pregam, tem por finalidade atender a seus interesses econômicos e políticos e permitir que façam o que bem entendem sem críticas.
Prova também, de que a tal "democracia" que tanto apregoam não vale quando sua posição política é contrariada, ainda que seja uma manifestação sensata, como é o caso.

Questiono: isso é liberdade? Na minha modesta opinião isso é ditadura.

Mas vamos ao texto:

DOIS PESOS…
Maria Rita Kehl

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família.

Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria?

Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer.

O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema.

Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País.

Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dilma x Serra: o que está em jogo

reproduzo abaixo texto de Arnobio Rocha sobre o que está em jogo nessa eleição.

Posted by arnobiorocha em outubro 5, 2010

Este jogo de projetos alternativos volta ao mundo depois de 19 anos de massacre e pensamento único, a Direita tinha seu projeto e era incontestável, hoje ela não tem projeto, apenas administra (mal e porcamente) a crise gigantesca, mas ainda não achou um novo cabedal político e ideológico a ancorar.

À esquerda na sua longa crise letargia ainda não forjou um novo paradigma na luta contra o capital, aqueles (trotskistas) que achavam que a revolução se abria não conseguiu encontrar seus “novos/velhos Soviets” nem a Direita achará seu “Estado de Bem estar Social”.

A questão é complexa para os dois lados, buscar teoria já testada é necessário, porém mundo não é o mesmo de 1917 e nem anos pós-guerra. Este é desafio da Direita e o nosso da Esquerda: entender o mundo parece secundário, mas ambos (direita e esquerda) dão respostas com receituário velho para novas doenças. Agora empatamos o jogo, estamos sem armas e certezas absolutas.

Claro que a situação é melhor já não sofremos o massacre político-ideológico destes últimos 20 anos, mas também não nos conforta saber que fomos incapazes de repensar nossos conceitos, nem o velho Marx conseguimos entender. Neste tempo todo não termos feito nada de concreto, alternativo, apenas resistir é muito pouco.

O Brasil e o neoliberalismo

Limitarei a falar sobre o período Lula, pois é mais que evidente que Collor/Itamar e mais ainda FHC abraçaram felizes o Neoliberalismo sem menor divergência com suas diretrizes.

Nenhum projeto político ficou imune a lógica Neoliberal, o do PT de Lula se adaptou a este mundo, mas por uma condição particular de extrema miséria e às doses cavalares do receituário neoliberal aplicados aqui, já se começava a gestar iniciativas tímidas de tentativas de fazer algo diferente à política dominante.

Dois fatores, para mim foram fundamentais:

1) Diminuição da dependência americana, busca de novos parceiros comerciais;

2) Rompimento com a política de privatizações, que preservou o Banco do Brasil a CEF e a Petrobras;

Mesmo sob críticas ferozes Lula buscou desde 2003 remar lentamente contra a maré, fez uma excelente política externa coordenada por Celso Amorim, aproximando da China, da África e uma aliança estratégica com a Europa, em particular com a França.

Impulsionou o G20 grupo que passou a ter voz ativa na OMC e fazer frente às demandas dos países centrais de maior exploração dos recursos destas nações e imposição de seus interesses de privatização e invasão de seus produtos.

A segunda política, a de parar as privatizações salvou um pouco do patrimônio público e deu margem de manobra para impulsionar uma política de desenvolvimento incentivado pelo Estado.

A Petrobrás que quase fora privatizada por US$ 3 bilhões em 1999, em janeiro 2003 tinha seu patrimônio em US$ 20 Bilhões, em janeiro de 2010 ela vale US$ 200 Bilhões e movimenta cerca de 10% do PIB, sendo hoje a quarta maior petroleira do mundo. Os ganhos do Pré-Sal podem definitivamente tirar o Brasil da miséria endêmica.

Cenário atual

Direita americana, mais radical é a religiosa, tratam Obama como Bolchevique, podem acreditar, está cada dia mais xenófoba e alguns estados aprovam leis mais restritivas aos imigrantes. Na França Sarkhozi que já estigmatizara os mulçumanos, agora quer deportar em massa os ciganos. Espanha, mesmo governada pelo PSOE, restringe os direitos dos estrangeiros, pois há um desemprego em massa.

No Brasil a esquerda brasileira (PT) ocupou um espectro mais amplo, tomou o centro do PSDB, sobrou apenas a Direita mais raivosa, fundamentalista a eles. Este deslocamento de forças e projetos, ainda não se deu por completo no imaginário popular, PT ainda é identificado como esquerda raivosa, muitos “absorveram” Lula, mas é fato que ainda temem o PT, isto é reforçado por um discurso extremamente preconceituoso de Serra, que afaga a Direita.

Mobilidade do PT rumo ao centro, independe de Lula, foi à realidade que o empurrou ao centro, para ter maior interlocução com outras forças que fazem o jogo político no Brasil, tirando do PSDB a hegemonia na sociedade.

Entender o que está em jogo é mais importante das tarefas de cada militante e explicar pacientemente a cada um, as questões subjacentes aos grandes debates é que novas e velhas demandas aparecem ou reaparecem com força, mas não podemos nos agarrar a este debate menor e esquecer a luta principal.

Questões como aborto, liberdade de culto, de expressão são temas que cortam a sociedade, mas não podem ser o mote de qualquer resposta global às demandas mais prementes do Brasil.

Defender este legado de Lula e contrapô-lo ao que foi o Governo FHC que tem em Serra seu representante, ainda que piorado, pois incorpora um discurso que se aproxima ao fascismo, é fundamental neste momento.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ISSO É DEMOCRACIA

Nesse domingo dia 03/10 vamos exercer nosso sagrado direito de escolha. Vamos eleger os próximos governantes e legisladores federais e estaduais. Trata-se do momento mais importante em uma democracia.

Nosso desafio como país democrático, é fazer da política um debate constante. É ter um povo politizado a tal ponto que, algumas coisas vistas nestas eleições não se repitam; não sejam aceitas e toleradas. É o caso de e-mails com falsidades, boataria de todo tipo, acusações desmedidas e interferência escancarada da imprensa.

A decepção com os políticos precisa dar lugar ao desejo de mudar a forma de fazer política. É nosso dever exigir dos políticos uma postura ética, não apenas nos cargos, mas na campanha, na vida.

Tem candidato que aparece dizendo que "é do bem", mas sua conduta desfaz suas palavras. Então, não é um palavreado bonito; é a conduta no dia a dia. Tenho a opinião de que político que usa de recursos baixos em época de eleição, investido no cargo faz disso para pior.

Infelizmente nessa campanha o debate de propostas ficou prejudicado. O pior é perceber que, quando os candidatos resolvem não entrar em polêmicas, como no debate da Globo, vemos os jornalistas em peso reclamando que foi "morno". Então, o que gostam e querem é ver o "circo pegar fogo". É isso que vende. Então, a responsabilidade, no final das contas, é da própria sociedade.

Vejo apavorado na internet os maiores absurdos. O pior é constatar que vêm de pessoas que, ao menos na teoria, deveriam ser mais esclarecidas e menos influenciáveis. Sinal inequívoco de que ainda temos muito para avançar.

Então, nesse domingo, devemos votar com tranquilidade, serenidade e muito amor pelo Brasil. Temos histórico dos últimos 16 anos para avaliar os principais candidatos. Mas, atenção: cuidado com o "canto da sereia". Sejamos realistas, objetivos e francos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DENÚNCIA DE INTERFERÊNCIA NA ELEIÇÃO

Está sendo noticiado amplamente, em vários blogs, como Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim, que se prepara um novo golpe para essa eleição. Essa informação já vem sendo divulgada há algum tempo.

Tudo estaria sendo preparado para levar a eleição ao segundo turno e tentar derrotar Dilma. O golpe seria orquestrado em etapas, dentre elas: pesquisas forjadas com Dilma caindo, depoimentos e "escândalos" também forjados ou distorcidos para atender ao interesse da grande mídia e da direita conservadora.

Eu, que ouvi falar da participação da imprensa no golpe que institui a ditadura e que ví golpes como o de 1989, que derrubou Lula e elegeu Collor, pensei que essa fase já tinha acabado. Sinceramente custo a crer que isso seja verdade. O Brasil e o povo brasileiro não merecem. Mas, pelo que conheço da direita xenófoba brasileira e da nossa imprensa golpista, também não duvido.

Eu ainda continuo acreditando que o povo brasileiro já está vacinado contra esse tipo de coisa. Mas, pelo que tenho visto, a politização do nosso voto é baixíssima. Assim, não duvido que eu possa estar enganado.

Enfim, cabe a nós, cidadãos de bem desse país, lutarmos contra esse novo tipo de dominação. Isso sim é ameaça à democracia e não o engodo, a mentira, que tentam aplicar dizendo que o governo cerceia a imprensa. O Brasil tem uma das imprensas mais livres do mundo. EXAGERADAMENTE livre, no meu ponto de vista. Por isso é que se dá ao direito de enaltecer ou destruir quem for de seu interesse.

Tomara que eu não me decepcione e que no final das contas esse plano não se confirme. Que Deus abençoe o povo brasileiro.

sábado, 25 de setembro de 2010

O CONSERVADORISMO AINDA RESISTE

Tenho estado profundamente impressionado com alguns acontecimentos nesses últimos dias de campanha eleitoral. As maiores deficiências morais e o total atraso de parte da nossa sociedade nunca foi tão evidente.

De um lado, vemos eclodir suspeitas de corrupção. A oposição vai para cima acusando e batendo, sem olhar onde. Quem estiver na frente apanha, mas a candidata do governo continua sendo o alvo preferido, afinal está na frente nas pesquisas. Os acusados, declarados desde já culpados e, sem qualquer direito a defesa, são execrados. Será que essas suspeitas foram percebidas apenas agora? Não. Já se sabia antes, mas por questões óbvias, somente veio à tona na época da eleição. Erraram os suspeitos? Que se investigue e se a justiça entender que são culpados, que sejam punidos exemplarmente. O que não se pode é fazer ilações com fins eleitoreiros.

Opositores se comportam como se fossem os arautos da honestidade. Combinemos: apenas para quem não se lembra do que foi o governo de FHC, Serra e Cia. Santo, ao menos na terra, não existe. O que existe é que uns investigam, punem e afastam (vide o exemplar trabalho que a Polícia Federal está fazendo, conselho de ética da presidência, etc.), outros, escondem toda a sujeira para debaixo do tapete e ficam numa desfaçatez de dar nojo.

A imprensa, somente não declara voto para não ficar impedida de continuar sua campanha, mas todo mundo sabe que tem lado. E o que a move? Interesses, claro, econômicos. Lula não monopolizou recursos da propaganda oficial, criou uma agência estatal, incentivou a internet livre, abriu novas concessões para empresas de comunicação e incentivou a educação. Quer dizer, contribuiu sobremaneira para reduzir o poder das gigantes da imprensa brasileira, que viram reduzir sua dominação. Para tentar brecar esse avanço da liberdade, só mesmo uma derrota de Dilma. Aliás, recentemente o resultado parcial de uma pesquisa no Portal Imprensa apontava que apenas 24% da população aprova a grade de programação televisiva brasileira. Os números falam por si.

E qual o caminho para a grande mídia? Alardear a corrupção até causar medo (sem provas e como se tivesse nascido com Lula e Dilma e fosse morrer com eles) e que Lula e Dilma são contra a imprensa livre. O maior absurdo que já se ouviu. Alguém em são consciência acredita que pessoas que viveram, foram presos e torturados pela ditadura vão querer “reprisar o filme”? Os próprios correspondentes estrangeiros que vivem no Brasil não entendem essa acusação leviana. Segundo o correspondente do Jornal britânico Financial Times no Brasil, Jonathan Wheatley, temos uma das imprensas mais livres do mundo.

Em que outro lugar do mundo um presidente ou qualquer pessoa comum agüentaria as baixarias que a Revista Veja e a Folha de São Paulo já publicaram contra Lula? Em que outro país do mundo a imprensa acusa, exalta ou derruba quem quiser em apenas um golpe sem direito a defesa? Poucos. Pois é, a imprensa brasileira é exageradamente livre. Em uma democracia de verdade, os direitos das pessoas precisam ser respeitados. A imprensa brasileira não respeita. Aliás, respeita apenas daqueles que lhes interessa. Alguns questionarão se nos EUA não há mais liberdade. Acontece que, nos EUA, a imprensa declara voto, tem lado e alardeia isso. Então, todo mundo sabe quem é quem e pode escolher o que quer ler, assistir ou ouvir. Aqui não. Aqui o fazem de modo sorrateiro, disfarçado de “liberdade” e a população fica, mas está deixando de ser, refém.

Todo e qualquer acontecimento que fuja a normalidade é atribuído a “interesse político”. Parou o trem em São Paulo. Foi o Mercadante e a Dilma, claro, entre meio a um comício e outro, sabe como é.....

Provas? que nada, afinal é eleição e, como em tantas outras oportunidades, parece que vale tudo para conquistar votos. Princípios? Bobagem; coisa ultrapassada; a questão é chegar ao poder, depois “a gente vê como fica”, pensam.

Promessas eclodem de todo tipo. Serão cumpridas? “Bom, agora é eleição, depois é outro papo”, pensam.

Na internet pipocam vídeos bisonhos contra a candidata de Lula. Vídeos apócrifos, claro, como manda a boa regra da traquinagem política. E o TSE? Não pode punir porque não têm provas de quem fez. Ok, mas então que se tire do ar e se investigue a autoria. Mas, parece que vai mesmo é “lavar as mãos”.

A oposição brada que Lula e Dilma estão unidos a alguns “caciques” da política nacional, os mesmos aos quais eles próprios já se uniram no passado. Aliás, esquecendo que ela própria, a oposição, mantém-se alinhada à maioria dos usurpadores da liberdade e da dignidade do nosso povo em passado não muito distante. E, nesse caso, não é por apoio, mas por ideologia.

Então, em relação aos apoios polêmicos a Lula e Dilma, é preciso entender que: Primeiro, apoio não se pode rejeitar de ninguém. Segundo, receber apoio não significa alinhar-se ao apoiador. Terceiro, não se pode governar sem apoio político. A política brasileira tem essa peculiaridade, que exige alianças e negociação no Congresso para aprovar projetos. Sempre foi assim e só vai mudar quando houver uma autêntica reforma política e moral em toda nossa sociedade. Não podemos esquecer que o político reflete o que é a sociedade. Portanto, nós, a sociedade, é que precisamos mudar e tirar os velhacos da política. Se Lula ignorasse a realidade atual não conseguiria fazer nada do que fez e, provavelmente, teria sido destituído da presidência antes do fim do primeiro mandato.

Quanto às entrevistas dos candidatos aos canais de televisão, principalmente na Globo, é fácil perceber que procuram falar somente da personalidade e dos supostos casos de corrupção. Debate de idéias e questionamento sobre o projeto para o país pouco, quase nada. Fico decepcionado quando vejo jornalistas inteligentes como William Bonner, Fátima Bernardes, William Waack, dentre outros, se comportando como moleques. Fico enraivecido quando vejo Merval Pereira falando e escrevendo de forma parcial, desconsiderando fatos, negligenciando a história. Em recente programa na Globonews, Merval Pereira disse que Lula deveria ter ficado neutro nessa eleição, como fez FHC quando ele se elegeu. Claro, ficaria mais fácil derrotar Dilma. Primeiro, Lula está certo em defender a candidata que ele próprio escolheu para dar continuidade ao que ele iniciou. É natural que isso aconteça, em qualquer lugar do mundo. Aqui nossa imprensa acha que não pode, mas só o Lula não pode. Segundo, FHC defendeu seu candidato (José Serra) em 2002 e só não apareceu mais porque os marqueteiros não deixaram. Popularidade na lona.

Fico impressionado quando vejo o candidato Serra ameaçar abandonar entrevista porque lhe perguntam sobre aquilo que ele mais fala: corrupção. Ah! Acontece que esse canal de TV não faz parte dos seus aliados e certamente teria visão mais imparcial. Circula amplamente pela Internet o áudio em que Serra chega a ser grosseiro com a jornalista Marcia Peltier da CNT, que, aliás, possui o vídeo mas o escondeu.

Fico triste quando vejo parte da nossa sociedade e, mais uma vez a imprensa, defender que o Brasil contrarie sua tradição de diálogo e defesa da paz e se alinhe ao radicalismo americano contra o Irã, ignorando completamente o fato de que o maior prejudicado não será o Ditador iraniano, mas o povo iraniano, já tão empobrecido. Parece que ver o Brasil sendo independente dos americanos incomoda. Ver o Brasil negociando com o mundo todo, abrindo embaixadas em vários países, ampliando seu leque de alternativas comerciais incomoda. Sempre ouvi o ditado de que não se pode colocar todos os ovos em um único sexto. É o que Lula está fazendo. Mas o conservadorismo brasileiro segue célere na sua nostalgia do Brasi colônia. Preferiam o Brasil suplicando uns trocados ao FMI. Hoje o Brasil empresta ao FMI, algo inimaginável poucos anos atrás.

Entretanto, não é só a mídia, a oposição e o conservadorismo xenófobo que cometem barbaridades. Muita gente está embarcando nessa onda. Vejo na Internet Blogs publicando charges de um homem matando o presidente; protestos em Brasília, pasmem, de estudantes, chamando Dilma de anticristo (menos mal que eram apenas 10); vejo gente reproduzindo e acreditando em todo tipo de e-mail que circula falando as maiores barbaridades; vejo gente esquecendo os enormes avanços do Brasil nesses últimos anos; vejo uma candidata que outrora era de esquerda e que, magoada por não ter sido ungida com a benção do presidente e por ter que dialogar com ministros que pensam diferente, resolveu trocar de lado, apresentando-se como novidade; como alguém que vai “dialogar” com todos.

O conservadorismo brasileiro ainda não se conformou com a reviravolta na economia nacional que contribuiu para lhe tirar privilégios; ainda não se conformou em ter um metalúrgico sem um dedo, apenas com primário e curso de torneiro mecânico na presidência. Causa-lhes raiva saber que esse emergente social, retirante nordestino, conseguiu mudar o país e vai entrar para a história como um dos maiores presidentes que o mundo já viu. Causa-lhes pânico imaginar que esse mesmo presidente pode eleger sua sucessora e que ela vai dar continuidade ao que ele começou. Uma mulher na presidência? É mesmo o fim para quem sempre defendeu castas e privilégios de toda ordem.

E nós seguimos, sem um debate de idéias e de propostas; sem um debate de alto nível como merece o povo brasileiro.

Enfim, essa eleição, vai ficar marcada na minha mente como uma das mais despolitizadas. Prova inequívoca de que a sociedade brasileira ainda tem muito que avançar na educação, na moral e nos valores.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Enquanto a chaleira chia...

Aproveitando o 20 de setembro, acredito que vivemos um momento em que precisamos tirar da garupa do nosso Brasil esses gaudérios que há anos aparecem como os arautos da moral e da ética, mas que na verdade sempre "mamaram nas tetas" do governo; se locupletaram com o dinheiro público e de concreto nada fizeram pelo bem da população. Como diz uma colega minha, incomodam mais que um bando de leitões guachos. Cada eleição aparecem e se apresentam como se a partir de agora fossem fazer tudo o que não fizeram em anos e anos de profissão, sim , profissão. Criticam os outros como se eles próprios fossem as pessoas mais honestas que os olhos de Deus já viram sobre a terra. Pura desfaçatez. São lobos tentando se vestir de cordeiro apenas para ganhar a eleição; o poder; ah, O poder!

E tem outra: em geral, esse velhos "caciques" da política tem o total apoio da mídia. A eleição de Lula foi uma pedra no sapato dos Marinho e sua Rede Globo, que alguns mais fundamentalistas dizem ser o “olho da besta” citado no Apocalipse. Junte-se a Revista Veja, a Folha de São Paulo, a RBS e outros meio s de comunicação tradicionais e você tem aquilo que o Ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo (DEM), chama de “desequilíbrio”. Na verdade, trata-se de um cartel muito bem orquestrado. Como diz Luis Nassif, um órgão da imprensa lança a notícia e os outros comparsas ficam repercutindo durante alguns dias. Agora, então, às vésperas da eleição, chovem todos os dias denúncias e mais denúncias, divulgadas sem qualquer rigor jornalístico, a fim de manter acesa a chama da dúvida e tentar a todo custo salvar os virtuais derrotados. A ânsia por afetar a campanha de Dilma não tem limites; são capazes de qualquer coisa; qualquer coisa. Faltam ainda pouco mais de 15 dias para a eleição. Até lá, ainda há muita trama e sacanagem de todo tipo.

Lendo blogs e revistas que são mais confiáveis e isentos, e mostram os dois lados da moeda, é fácil perceber que nas denúncias contra o governo e sua candidata, há muitos furos e distorções de toda ordem. Sem uma única prova sequer, lançam-se notícias como se fossem verdade absoluta. De uma hora para outra um ilustre desconhecido vira personagem principal nos veículos da Globo, sendo-lhe dado total credibilidade para expor denúncias sem uma única mísera provinha que seja. Os telejornais da Globo não falam em outra coisa. A Revista Veja que persegue Lula de forma implacável há 8 anos está deitando e rolando. A Folha de São Paulo, de tão afoita, chegou a virar motivo de chacota no twitter.

O poder desses velhos “caciques” da política brasileira é bastante conhecido. Eles, ao lado da imprensa, são o verdadeiro polvo, estendendo seus tentáculos na tentativa de preservar o status e o poder. Sabem qual é o maior crime que o Lula cometeu: começou a desmoronar o império dos velhos dinossauros do jornalismo “meia-verdade”. Começou a incentivar a popularização do computador e da internet e também abrir e incentivar novas concessões, para reduzir o poder concentrado nas mãos de meia dúzia de empresas de comunicação.

O brasileiro parece se manter firme nos seus propósitos. Dilma continua bem nas pesquisas. Mas com todo esse barulho e com a já tradicional desconfiança com a classe política, não se sabe o que pode acontecer. O certo é que, precisamos cada vez mais buscar órgãos de imprensa que sejam menos tendenciosos; que sejam mais confiáveis. Precisamos também banir da vida pública essa turma que se beneficia dessa relação sórdida e promiscua com a velha imprensa. O dia está chegando: 3 de outubro.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

As razões que a razão precisa conhecer

Pretendendo contribuir com o processo democrático brasileiro, ainda que de forma muito modesta, me sinto no dever de esclarecer algumas coisas. Abaixo alguns links para notícias e posts no Blog do Nassif, que considero um dos jornalistas mais confiáveis, a respeito do processo eleitoral brasileiro e também da visão que o mundo tem do nosso país.
Hoje o mundo percebe e avalia o Brasil melhor que a própria imprensa brasileira e melhor que muitos de nossos cidadãos. Segue abaixo.

Equilíbrio entre governo e mercado é sucesso no Brasil, diz economista-chefe da OCDE:
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/09/equilibrio-entre-governo-e-mercado-e-sucesso-no-brasil-diz-economista-chefe-da-ocde.html

Classe média alcança 50% da população brasileira
http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201009101457_RED_79265527&idtel=

Para entender a idéia fixa do Serra sobre a tal quebra de sigilo:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/para-entender-a-ideia-fixa-de-serra


CAMPANHA ELEITORIAL
Imprensa abre jogo e rasga a fantasia

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=606IMQ019

A verdade das eleições

Estamos em pleno período eleitoral e, como eu já previa, quanto mais nos aproximamos das eleições, mais baixaria por parte daqueles que consideram as eleições com iminente risco de perda.
É lamentável que tenhamos ainda esse tipo de política no Brasil. Parece que vale qualquer coisa para ganhar uma eleição. Há dias a campanha de Serra não fala outra coisa senão na tal quebra de sigilo de sua filha e políticos do PSDB. Hoje saiu uma reportagem no SBT, onde fica claro que Serra já sabia há meses da tal quebra de sigilo; inclusive já tinha dado entrevista sobre o caso, sem mencionar qualquer fato político ou eleitoral.
Basta também uma rápida análise em arquivos de reportagens para perceber que a tal quebra de sigilo é algo que, inclusive, já aconteceu no governo do PSDB. O próprio Lula já foi vítima. Porquê, então, agora esse fato ganha tanta repercussão? Parece óbvio. Na impossibilidade de derrotar Dilma no embate de realizações e propostas, até mesmo pela avaliação espetacular do governo, Serra tenta levar no "tapetão".
De fato, evidencia-se que Nassif tem razão: Serra é um político invejoso e que tem no DNA um traço fortíssimo de falta de escrúpulos para atingir seus propósitos. Ou seja, o que estamos vendo é a prática da política: "os fins justificam os meios".
Aliás, se a tal quebra de sigilo de fato ocorreu, e não há nada a esconder, então porque tanto medo?
E porquê a Globo, Veja, Época, Folha de SP, estão dando tanta repercussão ao caso? Simples: porque lhes interessa desgastar Dilma e tentar contribuir para virar o "jogo". Desde que foi eleito Lula tem procurado popularizar o acesso à internet e outros meios de comunicação alternativos. Isso, sem dúvida, representa uma ameação a esses órgãos de imprensa que, históricamente, sempre defenderam a política do "quanto pior melhor". Para eles, obviamente, quanto mais ignorante e desinformado por o povo, mais fácil manipular e dominar, mantendo o poder e o status quo. É a velha política dos "caciques", que nem com a morte de ACM e Roberto Marinho acabou, porquê eles deixaram herdeiros. Infelizmente para o Brasil.
Sinceramente, espero que de fato nossa população tenha consciência política para separar o joio do trigo e para dar um claro recado de que não aceita mais esse tipo de posicionamento mesquinho e aproveitador. Parece que a pior parte dos livros de Maquiavel está na cebeceira de Serra e sua turma, incluindo os órgãos de imprensa que não conseguem esconder suas preferências e interesses. Lamentável; profundamente lamentável para nosso país. Temos um governo que é respeitado e admirado mundo afora. Aqui dentro, a imprensa persegue sistemáticamente o governo e todos que o representam. O pessoal lá de fora não entende. Eu entendo, infelizmente. Saber e perceber certas coisas é dolorido para quem ama o Brasil como eu.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

EM RIO QUE TEM PIRANHA...

Diz o ditado que "em rio que tem piranha, jacaré nada de costas". Então, com tantas notícias e boatos em época de eleiões, resolvi dar minha contribuição. Segue um texto que me parece interessante, de Leandro Fortes (Revista Carta Capital).

Da Carta Capital

O dossiê do dossiê do dossiê...

04/06/2010 13:03:26

Leandro Fortes

No modorrento feriado de Corpus Christi, os leitores dos jornais foram inundados com informações sobre uma trama que envolveria a fabricação de dossiês contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, produzidos por gente ligada ao comitê da adversária Dilma Rousseff. O time de espiões teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável pela contratação de funcionários para a área de comunicação da campanha petista. O primeiro desses documentos seria um relatório sobre as ligações de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Uma história tão antiga quanto os dinossauros e já relatada inúmeras vezes na última década, inclusive por CartaCapital.

A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte rea-ção do PSDB e de Serra. Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da "baixaria" e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma "falsidade" e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações.

Os boatos sobre a fábrica de dossiês parecem ser fruto de uma disputa interna entre dois grupos petistas interessados em comandar a estrutura de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, um ligado a Lanzetta, outro ao deputado estadual Rui Falcão. A origem dessa confusão era, porém, desconhecida do público, até agora. CartaCapital teve acesso a parte do tal "dossiê" que gerou toda essa especulação. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O livro descreve com minúcias o que seria a participação de Serra e aliados tucanos nos bastidores das privatizações durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É um arrazoado cujo conteúdo seria particularmente constrangedor para o pré-candidato e outros tantos tucanos poderosos dos anos FHC. Entre os investigados por Ribeiro Jr. estão também três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Está sendo produzido há cerca de dois anos e nada tem a ver com a suposta intenção petista de fabricar acusações contra o adversário.

É essa a origem das informações sobre a existência do tal "dossiê" contra a filha de Serra. E a razão de os tucanos terem lançado um ataque preventivo às informações que constam do livro. De fato, Ribeiro Jr. dedicou-se a apurar os negócios de Verônica. Repórter experiente com passagens em várias redações da imprensa brasileira, Ribeiro Jr. iniciou as apurações a pedido do seu último empregador, o Grupo Diá-rios Associados, que congrega, entre outros, os jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas. O livro narra, por exemplo, supostos benefícios obtidos por Marin Preciado em instituições financeiras públicas, entre elas o Banco do Brasil, na época em que outro ex-tesoureiro de Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira, trabalhava lá. Para quem não se lembra, Oliveira ficou famoso após a divulgação de sua famosa frase "no limite da irresponsabilidade" no conjunto dos grampos do BNDES.

Em uma entrevista que será usada como peça de divulgação do livro e à qual CartaCapital teve acesso, Ribeiro Jr. afirma que a investigação que desaguou no livro começou há dois anos. À época, explica, havia uma movimentação, atribuída ao deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), visceralmente ligado a Serra, para usar arapongas e investigar a vida do governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais. Justamente quando Aécio disputava a indicação como candidato à Presidência pelos tucanos. "O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo", diz o jornalista. "Entrei em campo, pelo outro lado, para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e sumiço de dinheiro público."

A ligação feita entre o nome de Ribeiro Jr. e o anunciado esquema de espionagem do comitê de Dilma deveu-se a um encontro entre ele e Lanzetta, em Brasília, no qual se especulou sobre sua contratação para a equipe de comunicação da campanha petista. Vencedor de três prêmios Esso e quatro prêmios Vladimir Herzog, entre muitos outros, Ribeiro Jr., 47 anos, é conhecido por desencavar boas histórias. Herdeiro de uma pizzaria e uma fazenda em Campo Grande (MS) e ocupado com a finalização do livro, o jornalista recusou o convite.

Na entrevista de divulgação do livro, Ribeiro Jr. afirma que a obra estabelece a ligação de diversos tucanos com as privatizações e desnuda inúmeras ações com empresas offshore para fazer entrar no Brasil dinheiro oriundo de paraísos fiscais. "São operações complicadas e necessitam ser explicadas com cuidado para os brasileiros perceberem o quanto foram lesados e em quanto mais poderão ser."

A aproximação entre Ribeiro Jr. e Lanzetta, contudo, teria sido suficiente para que grupos interessados em ganhar espaço na campanha petista desencadeassem uma onda de boatos sobre a formação de um time de contraespionagem para produzir dossiês contra os tucanos. Diante do precedente dos "aloprados" do PT, a mídia embarcou com entusiasmo na versão depois assumida com tanto vigor pelos próceres tucanos. É mais um não fato da campanha.

O mesmo fenômeno envolveu o ex--delegado federal Onésimo de Souza, especialista em contraespionagem que chegou a oferecer serviços ao PT de vigilância e rastreamento de escutas telefônicas. Como cobrou caro demais, acabou descartado, mas foi apontado como futuro integrante da tal equipe de arapongas de Dilma Rousseff.

Por ordem da pré-candidata, qualquer assunto relativo a dossiê e afins está proibido no comitê de campanha instalado numa casa do Lago Sul de Brasília. Dilma se diz "estarrecida" com as acusações veiculadas, primeiro, na revista Veja e, em seguida, por diversos outros veículos - sempre com foco na suposta espionagem, nunca no conteúdo do suposto dossiê. Aos auxiliares, a petista mandou avisar que não aceitará, "em hipótese alguma", a confecção de dossiês durante a campanha e demitirá sumariamente quem se envolver com tal expediente.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

DESAFIOS DA GESTÃO

Desnecessário destacar a realidade do ambiente competitivo atualmente. Mudanças rápidas, novas tecnologias, novos negócios, novos produtos, pressão por resultados, excesso de trabalho, pessoas em estado permanente de alerta. Os modelos de gestão devem, portanto, privilegiar soluções.

Mas como apresentar e efetivar soluções nessa situação onde a única certeza é a mudança? Ao longo dos anos, os teóricos tentaram entender a gestão pelos mais diversos ângulos. O “Taylorismo” e o “Fordismo” destacaram a produtividade, enfatizando os padrões e a máxima especialização, e ignoraram aspectos humanos. Os comportamentalistas, ao contrário, exageraram na dose e priorizaram o aspecto humano, ignorando realidades e exigências mercadológicas e operacionais.

O século passado foi recheado de teses cartesianas, onde a prioridade era a execução. Na verdade a execução era separada do pensamento, da reflexão. Parte da equipe era paga para fazer, enquanto outra parte para pensar, o mínimo necessário. Reflexão não era a prioridade. Esse pensamento criou cultura e gerou influências na educação escolar e familiar. Em suma, não fomos acostumados refletir e ter que apresentar soluções.

A realidade do terceiro milênio exigiu uma ruptura. Empresas passaram a privilegiar pessoas com capacidade reflexiva, capazes de apresentar soluções; capazes de abrir horizontes e descortinar novas alternativas para satisfazer uma crescente diversidade de necessidades e desejos. Eis uma árdua tarefa: reeducar mentes e comportamentos recheados com a inércia e capitalizar essa força para gerar valor ao cliente e demais partes interessadas, através da inovação. Como promover essa mudança estrutural? Espero contribuições.

Pessoas e empresas, portanto, cada vez mais diferem em personalidade, conseqüentemente, gerando uma gama quase infinita de expectativas. Fala-se atualmente na necessidade de a empresa entender o coração e a mente das pessoas. Mais: fala-se em penetrar na mente das pessoas para tentar entendê-las. Qual a real possibilidade de conseguirmos ter precisão na identificação do que as pessoas de fato querem? Com tantos avanços tecnológicos, não faltará quem diga e invente (se é que já não existe) equipamentos capazes de ler a mente das pessoas, interpretar e traduzir suas ondas mentais.

Evidente que há risco de mau uso desse exagerado conhecimento do outro, sobretudo pelo recrudescimento dos velhos desejos de dominação e manipulação de seres humanos sobre outros seres humanos. Vivemos no limite entre a ética e a necessidade de sobrevivência e adaptação.

Da mesma forma os líderes devem estar permanentemente sintonizados com sua equipe, visando captar e traduzir a crescente gama de necessidades.

Conhecer cada colaborador, cada cliente, cada fornecedor, cada parceiro, enfim, e atuar para promover o máximo possível de sua satisfação, considerando a grande diversidade de personalidades e as mudanças é, sem dúvida, um grande desafio para os gestores. Desafio que somente pode ser vencido com muita sensibilidade, foco, determinação, resiliência, sintonia com o mercado e ética. As ferramentas: Tecnologia e pensamento reflexivo. Precisamos de novas ferramentas de marketing e de novas técnicas para incentivo às pessoas. Você tem alguma idéia?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Colorado: Modelo de Gestão

Era o ano de 2002; campeonato brasileiro. O Internacional estava prestes a cair para a segunda divisão do futebol nacional. Seria o coroamento trágico de uma década sem títulos de expressão (o último havia sido a Copa do Brasil em 1992).

Mas na direção do clube do povo havia um predestinado: Fernando Carvalho. Ele mesmo define a situação que encontrou, em uma entrevista ao Portal Terra, em abril de 2009: “As gestões anteriores tentaram aperfeiçoar o trabalho, adaptar a uma nova realidade, mas quando assumi o clube só tinha oito mil sócios pagantes, 70 consulados e o Beira-Rio, em termos de estrutura, estava sucateado. Nosso grupo de jogadores era limitado e poucos jogadores eram contratados. A categoria de base, essa sim era boa, pois vinha do nosso trabalho. Mas a estrutura toda precisou ser trabalhada”. Ele trabalhou, e muito, afinal, tinha uma meta: tirar seu amado colorado de situação tão humilhante para um clube de tamanha grandeza e levá-lo a ser um dos maiores times de futebol do mundo.

Lembro-me de um jornalista, mas não do nome, creio que era da Rádio Gaúcha, que relatou entrevista que teve com Carvalho em 2003. O maior dirigente colorado da história, quando inquirido sobre seus planos para o clube, tomou um caderno que estava no canto de sua mesa e mostrou a meta: SER CAMPEÃO MUNDIAL ATÉ O FINAL DE 2006. E no final de 2006 estava o Inter comemorando o título diante do Barcelona. Coincidência? Não. PLANEJAMENTO; GESTÃO. Sorte? talvez um pouco, mas a sorte só acompanha quem trabalha.

O Internacional elaborou um detalhado planejamento que teve assessoria de renomados colorados. E palmo a palmo, foi trilhando um caminho em busca da excelência na gestão, conforme define Carvalho, quando inquirido sobre o exemplo do Inter: “Nós trabalhamos com a mobilização dos colorados, é uma lição que a gente dá. Claro que temos um estádio e os clubes que têm estádio próprio precisam buscar a fidelização dos torcedores. A administração dá exemplo de gestão e hoje o Inter tem ISO 9000 e seus critérios gerenciais fiscalizados. O patrimônio é um exemplo e agora mesmo estamos fazendo um museu nos moldes de Barcelona e Real Madrid, que será um orgulho. Temos categorias de base que revelam grandes jogadores todos os anos. Vendemos o Alex e já tínhamos as reposições prontas, o Taison e Giuliano. Os clubes podem copiar isso se houver uma observação”.

Então, o segredo do sucesso do Inter está na gestão; no equilíbrio das contas; nas ações que geraram uma receita fixa mensal elevada, através da promoção Sócio Campeão do Mundo; no investimento na geração de craques através das categorias de base, que não só abastece o time principal, mas também possibilita receita com a venda (sem deixar de repor com jogadores do mesmo nível); nas ações de marketing com licenciamento da marca, etc. A ação do Inter, portanto, começou fora do campo. O time é apenas um reflexo de todo um processo de bastidores que transformou o time administrativa e financeiramente, tornando-o mais profissional, mais organizado, sendo gerido como uma verdadeira empresa. Colhe os frutos de um planejamento estratégico bem elaborado e bem executado. Evidente que existem erros, mas se percebe a busca da melhoria contínua e a solução dos problemas, a partir do aprendizado. E mesmo os erros não foram capazes de mudar o foco e a determinação de Fernando Carvalho e seus companheiros.

Esse jeito Colorado de gestão é tão forte e impactante dentro de campo, que foi capaz de mudar convicções e até as feições do ex-carrancudo conterrâneo Celso Roth.

Fora de campo, a próxima cartada está na reformulação e modernização total do complexo Beira-Rio. Com isso, em termos de estádio, o Clube estará parelho com os maiores clubes europeus. Digo em termos de estádio, porque em termos de time já está. O Beira-Rio, aliás, será o estádio oficial da cidade-sede Porto Alegre no Mundial de 2014. Mais uma jogada de marketing que contribuirá para a projeção do time para o mundo. Dentro de campo, a próxima meta é o Bi Mundial, em dezembro.

E assim segue o colorado, cada vez mais forte, mais profissional, mais campeão e mais INTERNACIONAL do que nunca.

Dá-lhe colorado, Bi-Campeão da América.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que o Jornal Nacional Tem

Reproduzo abaixo texto publicado pelo jornalista e professor da USP Laurindo Lalo Leal Filho em seu Blog. Vale a pena ler e entender um pouco o que se passa nesse país e nos recônditos da vênus platinada, enteda-se Rede Globo. Segue abaixo.


Lembranças do JN
Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas.

Laurindo Lalo Leal Filho

O destaque dado pela mídia ao Jornal Nacional na última semana, em razão das entrevistas realizadas com os candidatos à presidência da República, trouxe a minha memória o episódio de cinco atrás quando acompanhei com colegas da USP uma reunião de pauta daquele programa.

Contei em artigo publicado na revista Carta Capital e depois reproduzido no livro “A TV sob controle” o que vi e ouvi naquela manhã no Jardim Botânico, no Rio. Mostrei como se decide o que o povo brasileiro vai ver à noite, no intervalo entre duas novelas. Ficou clara, para tanto, a existência de três filtros: o primeiro exercido pelo próprio editor-chefe a partir de suas idiossincrasias e visões de mundo cujos limites se situam entre a Barra da Tijuca e Miami, por via aérea.

O segundo e o terceiro filtros ficam mais acima e são controlados pelos diretores de jornalismo e pelos donos da empresa, nessa ordem. Não que o editor-chefe não tenha incorporado as determinações superiores mas há casos que vão além de sua percepção e necessitam análise político-econômica mais refinada.

As entrevistas com os presidenciáveis passaram, com certeza, pelos três filtros e os resultados o público viu no ar. O candidato do PSOL tendo que refazer uma fala cortada pela emissora e a candidata do PT deixando de ser entrevistada para ser inquirida. Para os outros dois candidatos da oposição a pegada foi mais leve, de acordo com a linha editorial da empresa.

Nada diferente do que vi em 2005 quando uma notícia oferecida pela sucursal de Nova York foi sumariamente descartada pelo editor-chefe do telejornal. Ela dava conta de uma oferta de óleo para calefação feita pelo presidente da Venezuela à população pobre do estado de Massachussets, nos Estados Unidos, a preços 40% mais baixos do que os praticados naquele pais. Uma notícia de impacto social e político sonegada do público brasileiro.

Ou da empolgação do editor-chefe em colocar no ar a notícia de que um juiz em Contagem (MG) estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. Chegou a dizer, na reunião de pauta, que o juiz era um louco e depois abriu o jornal com essa notícia sem tentar ouvir as razões do magistrado e, muito menos, tocar na situação dos presídios no Brasil. O objetivo era disseminar o medo e conquistar preciosos pontos de audiência.

Diante dessas lembranças revirei meu baú com mensagens recebidas na época. Foram dezenas apoiando e cumprimentando pelas revelações feitas no artigo.

Reproduzo trechos de uma delas enviada por jornalista da própria Globo:

“Discordo da revista Carta Capital num ponto: o texto ‘De Bonner para Homer’ não é uma crônica. É uma reportagem, um relato muito preciso do que ocorre diariamente na redação do telejornal de maior audiência do País.

As suas conclusões são, porém, mais esclarecedoras do que uma observação-participante. Que fique claro: trabalho há muito tempo na Globo, não sou, portanto, isento.

Poderia apresentar duas hipóteses relacionadas à economia interna da empresa para a escolha do editor-chefe do JN:

1) a crise provocada pelo endividamento levou a direção da rede a tomar medidas para cortar de despesas. Em vez de dois altos salários - o de apresentador e o de editor-chefe - para profissionais diferentes, entregou a
chefia ao Bonner. Economizou um salário.

2) como é profissionalmente fraco, não tem experiência de campo, nunca se destacou por nenhuma reportagem, o citado apresentador tem o perfil adequado para o papel de boneco de ventríloquo da direção do Jornalismo.

A resposta para a nossa questão deve estar bem próxima dessas duas hipóteses. De todo modo, os efeitos são devastadores: equipe dividida, enfraquecida e só os mais inexperientes conseguem conviver com o chefe tirano e exibicionista.

‘Infelizmente, é um retrato fiel’, exclamou uma repórter experimentada diante do seu texto.

Eu me sinto constrangido e, creia-me, não sou o único por aqui”.

É a esse tipo de organização que os candidatos à presidência da República devem se submeter se quiserem falar com maior número possível de eleitores. Constrangimento imposto pela concentração absurda dos meios de comunicação existente no Brasil, interferindo de forma perversa no jogo democrático.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Veja é a minha anta

OBS.: O título acima é uma alusão a um livro sobre o Presidente Lula, escrito pelo “jornalista” Diogo Mainardi (colunista da Revista Veja).

Outro dia, sentado à cadeira da sala de espera do dentista, comecei a folhear uma Revista Veja, em uma de suas edições de Julho/2010. Embora eu não tenha a assinatura da Veja (nem intenção de tê-la), sempre procuro folhear em algum local onde a encontro. E não é difícil encontrá-la em algum consultório ou escritório. Dessa forma, até consigo acompanhá-la, inclusive com o apoio da internet e da própria televisão, que eventualmente se socorre da Revista para suas reportagens.
Fiquei surpreso. Dei-me ao trabalho de verificar a disposição do conteúdo. Logo no início da Revista, sumário e algumas páginas de propaganda; a seguir, uma reportagem sobre ...não lembro, não era meu foco; mais algumas páginas de propaganda; mais algumas páginas de....de...propaganda; a seguir algumas páginas de opinião de leitores; uma ou duas páginas com notícias de personalidades; mais algumas páginas de... propagandaaaa...e ... Oh!!!! Uma reportagem, na página 64. Isso mesmo, sessenta e quatro, uma nova reportagem. Adivinhem sobre quem? Lula, claro. A Revista Veja tem tido nos últimos anos uma postura absolutamente crítica sobre Lula, seu governo e todos que ousarem defendê-lo. Lula é sua vítima predileta, embora existam outras, principalmente políticos (de esquerda e neo-esquerdistas), técnicos gaúchos (Dunga) e jornalistas concorrentes.
Mas, afinal, vivemos em um país democrático. Pois bem, acontece que as críticas da Revista Veja ultrapassam a democracia. Tenho para mim que a Revista (se é que se pode chamar de Revista) inaugurou uma nova ditadura: a ditadura do pensamento. Muitos órgãos de imprensa imparcias elogiam e criticam Lula. Mas Veja é diferente. Veja persegue Lula. Tenta a todo custo impor-lhe uma derrota, ainda que moral. Essas críticas, em 99% das vezes, ultrapassaram o limite do razoável; do bom senso e, porque não, da ética jornalística (se é que existe uma).
Utilizando-se de reportagens e colunistas de péssima educação e inteligência emocional questionável, Veja persegue integrantes da cúpula da presidência e de órgãos de imprensa rivais como um caçador a uma presa. É um bombardeio de ironias e denúncias com origem, no mínimo, duvidosa. Lança coisas no ar sem provas, com denunciantes suspeitos, interesseiros e claramente parciais. Sem qualquer fato concreto, lança denúncias como “areia ao vento”, na direção certa para ferir quem Veja carimba como inimigo. Usa de seu poder e se esconde atrás de uma tão propalada liberdade de imprensa. Pura covardia.
Alguns termos utilizados por repórteres e colunistas da Veja eu não ousaria utilizar nem com meu pior inimigo, tamanha sua grosseria.
Então, enquanto folheava a Revista, entendi porque tanta propaganda: falta conteúdo. A Revista Veja ficou refém de sua própria postura anti-lulista. Foi derrotada. Ou alguém ousaria dizer que venceu, considerando que Lula está com aprovação histórica, na faixa dos 80%, sendo uma dos presidentes mais populares do mundo? Veja perdeu. E perdeu para sua própria estupidez e intransigência política. São ranços de uma época que, para o bem do Brasil, deveria já ter ficado para trás.
Sugiro que nesse exato momento a Veja comece uma campanha forte pela eleição da Dilma. Isso mesmo. O que vai acontecer com Veja quando Lula deixar o Governo? Resta a esperança de que a Dilma ganhe. Certamente terá mais 4 anos de assunto farto. Mas e se Dilma não ganhar? Pode ser o fim da Revista Veja. Se for assim, sou até capaz de torcer para Dilma perder. O Brasil ganharia muito e o povo brasileiro também. Essa Revista é mais um dentre os órgãos de imprensa brasileiros que, ao invés de informar, presta o serviço de “emburrecer” as pessoas, porque é parcial; usa palavreado chulo e deselegante; desrespeita pessoas, instituições e empresas; julga como se fosse um tribunal; não leva à reflexão; tenta tolher das pessoas a liberdade de pensar por conta própria; tenta impor sua ditadura do pensamento. Ainda bem que o mundo mudou e a comunicação também. Viva a internet!!!!!!
A Revista Veja é a minha anta.

domingo, 8 de agosto de 2010

Economia desacelera e inflação fica sob controle

Estamos vendo uma redução na atividades econômica do Brasil, fruto das medidas restritivas impostas pelo governo para conter a expansão excessiva que gera inflação.
O governo subiu a taxa de juros e retirou benefícios fiscais a alguns produtos, como automóveis. Com isso, o ritmo de consumo caiu e houve maior equilíbrio entre oferta X demanda, contribuindo para a queda da inflação que, segundo os últimos índices, está próxima de zero.
A economia Brasileira segue um bom caminho. Vemos uma taxa de desemprego em queda e saldo positivo na balança de pagamentos.
Vemos uma retomada na entrada de capital extrangeiro para investimento e o otimismo internacional em relação ao Brasil se mantém.
A situação atual pode significar a manutenção da taxa de juros (SELIC) nas próximas reuniões do Conselho de Política Monetária (COPOM) do Banco Central.
Sou um otimista em relação ao Brasil e acredito que estamos no rumo certo. Evidentemente, precisamos algumas correções, sobretudo as tão faladas reformas tributária, política, previdenciária, etc. Precisamos avançar nisso nos próximos anos para que o país continue crescendo e possa até mesmo aumentar o ritmo.
Também não podemos esquecer do investimento em infra-estrutura, que precisa ser ampliado. Com o advento do mundial de futebol de 2014 e da olimpíada de 2016 haverá um impulso extra.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Copa é aqui

O Presidente Lula acionou as máquinas que vão trabalhar na reformulação do estádio Beira-Rio para a copa de 2014. Foi o início oficial de um trabalho que já dura algum tempo. Acredito que o Brasil só tem a ganhar com a copa e também com as olimpíadas. Acho louvável o empenho do presidente, mesmo contrariando muitas perspectivas pessimistas sobre esses eventos.
Não podemos esquecer que os investimentos necessários para as obras e todo fluxo de turismo gerado durante e depois da copa, vão gerar empregos e renda para muitas pessoas. Além do mais, a copa é uma ótima desculpa para tirar do papel os tão aguardados investimentos em infra-estrutura, imprescindíveis para o Brasil continuar crescendo.
Risco de desvios há e não é só no Brasil. Gente desonesta existem em todo lugar. Cabe ao governo criar a transparência e a fiscalização necessárias para evitar a corrupção. Cabe também à sociedade civil cumprir seu papel fiscalizador.
Necessário louvar a iniciativa do Internacional. Esse investimento, que vai contribuir para projetar o time, também vai permanecer e reforçar a estrutura para que o clube continue crescendo e sendo cada vez mais um modelo de gestão para outros clubes e empresas brasileiras.
Nosso futebol (brasileiro) precisa se modernizar e se profissionalizar cada vez mais se quiser continuar em alta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Inovação

Nesta segunda e terça-feira passadas, dias 19 e 20 de julho/2010, estive participando em Porto Alegre, do 11º Congresso Internacional da Qualidade, promovido pelo PGQP (Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade). Estiveram palestrando importantes empresários e conferencistas nacionais e internacionais, todos enfocando o tema: Gestão Inovadora: os caminhos da liderança humana.
Sem dúvida o tema inovação é absolutamente imprescindível nas rodas de debate da gestão empresarial. Embora no Brasil seja um tema relativamente novo, no mundo já é recorrente.
Um dos palestrantes, o Surinamês, radicado na Holanda, Adjiedj Bakas, enfatizou o período de grandes transformações que deveremos viver nos próximos 10 anos. Justificou com o desenho de um cenário, mas também evocando eventos históricos, segundo os quais, na história recente da humanidade, um período de crise sempre foi sucedido por um período de grandes transformações. Essas transformações devem vir em todas as áreas, mas sobretudo na tecnologia haveremos de ter maior facilidade em perceber. Citou desde os múltiplos canais de comunicação virtual que devem tomar corpo, bem como outros fatos curiosos, como a pílula da inteligência, que deve possibilitar aos usuários um maior uso do potencial intelectual.
Na área da economia, citou o possível agravamento da crise européia entre o final desse ano e o ano que vem e, até mesmo, a possibilidade de que o Euro seja extinto nos próximos anos. Outro fato interessante citado, foi a construção de prédios urbanos verticais, destinados a agricultura e pecuária. Parece ficção, mas há projetos nos Estados Unidos e na Holanda. Com a previsão de que em 50 anos seremos 9 bilhões de pessoas no planeta, sem dúvida precisaremos inovar nas técnicas para produção e geração de alimentos.
Em relação ao processo de inovação, visando possibilitar às organizações pegar essa carona no progresso, fica evidente que alguns fatores são fundamentais: - valorização do aspecto humano; - envolvimento das partes interessadas em um processo de co-criação (envolver clientes, parceiros, fornecedores, funcionários) para geração de idéias; - inovação depende da nossa capacidade de nos libertar de idéias pré-concebidas; - inovação depende de liderança forte e comprometida; - a gestão da inovação deve estar em sinergia com o processo de gestão estratégica da organização; - inovação precisa estar no DNA, fortemente presente na cultura organizacional; - inovação para prosperar precisa que as pessoas possam participar de todo o processo e também exige investimentos específicos para impulsionar a prática das idéias; - inovação somente é efetiva quando gera valor para as partes interessadas; - inovação pressupõe altos riscos, que precisam ser planejados; - inovação pressupõe seleção adequada de idéias relevantes, análise profunda, prática e maximização dos resultados.
Inovar, portanto, não pode ser um processo ocasional, mas precisa ser algo organizado, planejado, aberto e sem preconceitos, porém objetivo e ousado ao mesmo tempo.
Estamos no caminho. O próprio governo está se preocupando e procurando criar linhas de financiamento para projetos inovadores. Empresas já possuem gestores para inovação, como foi apresentado no caso da Braskem, empresa gaúcha fabricante de resinas plásticas, fundada em 2002 e que já está em 8º lugar no mundo no segmento.
Cada vez mais precisamos estar preparados para ouvir falar, mas sobretudo para nos envolvermos com a inovação. Envolvimento e diálogo produtivo são palavras-chave para o sucesso de qualquer programa de inovação.

sábado, 17 de julho de 2010

Geração de Empregos

Segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, divulgados em 15 de julho, o Brasil gerou 1,473 milhão empregos com carteira assinada no primeiro semestre deste ano. O número é um recorde para o período desde o início da série histórica (1992).
Esse dado, sem dúvida, representa algo bastante positivo, pois é um sinal de que nossa economia continuará vitalizada, ainda que o ritmo tenha desacelerado. Um dos mais fortes impulsionadores do crescimento da economia do Brasil é a demanda interna, influenciada diretamente pelos índices de emprego e renda.
Esse dado, entretanto, também reforça a necessidade de investimento dos órgãos governamentais e também das empresas na educação.
A falta de profissionais qualificados já é vista como um dos gargalos limitadores do crescimento da economia do Brasil.
Embora o reconhecido papel das organizações públicas e privadas, nada substitui a necessidade de que as pessoas tomem iniciativa na busca do conhecimento. É necessário passar do plano da lamentação pela falta de oportunidades, para o plano da ação, visando preparar-se para as contínuas transformações do ambiente econômico e organizacional.
É importante que os profissionais procurem conter a empolgação, pois muitos, com as fartas oportunidades, acabam ficando enebriados e deixam de se preocupar com os fatores capacitação, estabilidade e carreira. Os ventos sopram favoráveis apenas para aqueles que sabem exatamente o que querem, planejam seu futuro com sabedoria e agem com profissionalismo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Brasil: um novo tempo

Há alguns dias comentei com alunos de que se anunciava a perspectiva de que em 2016 o Brasil deve erradicar a miséria. Foi um espanto geral. Essa reação não é novidade e nem podemos culpar as pessoas que se mostram céticas. Crescemos e vivemos até a pouco com a síndrome do vira-lata, culpa de uma realidade política e econômica que nos fez perder a auto-estima e a fé na nação brasileira. Agora o IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada) confirma a informação de que a miséria deve ser banida do país em seis anos.
O Brasil passou décadas sendo visto como o país do futebol e das mulatas.
Nossa história recente, entretanto, está estimulando uma mudança e mostrando a grandiosidade do Brasil e do seu povo. Eu chamo de ciclo das boas notícias. É uma seqüência de fatos que estão nos instigando a acreditar mais no nosso país. Vejamos: inflação sob controle, formação de reservas suficientes para quitar a dívida externa e ainda ter condições de emprestar ao FMI e a outros países, a descoberta do pré-sal, a rápida reação à crise de 2008, o crescimento econômico acelerado (até exagerado para nossos padrões), a copa do mundo de 2014, as olimpíadas de 2016, essa informação do IPEA, dentre outras.
Apesar do ceticismo de muitos, eu acredito que o Brasil tem condições de sediar esses eventos tão grandiosos. Aliás, esses eventos também devem contribuir com o crescimento nos próximos anos, com vultuosos investimentos em infra-estrutura nas cidades que vão sediar os jogos. Destaca-se a necessidade de controle e transparência no uso dos recursos.
Neste momento em que a copa acabou, precisamos fertilizar esse patriotismo e mantê-lo em alta, estimulando cada vez mais o amor pelo Brasil, pelo brasileiro, pela nossa história e pela nossa capacidade empreendedora.
É verdade que precisamos melhorar muito em várias áreas, mas também é inegável que temos muitos avanços. Avanços que começaram com o fim da ditadura e que, sem dúvida, estão tendo seu ápice agora, mediante um conjunto de medidas de cunho governamental. Negar isso é ranço político. Aliás, embora os avanços, muitos de nossos políticos continuam tendo mais prazer em denegrir e rebaixar seus opositores do que trabalhar pelo povo e pela pátria.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Momentos

Todos nós passamos por muitos momentos na vida. Momentos de alegria e momentos de angústia. Em todos os casos, acredito que sempre podemos aprender alguma coisa para nos tornarmos pessoas melhores. Colegas, amigos e familiares, costumam ser nosso refúgio contra a insegurança. Aprendi a valorizar muito a família. Não que antes eu não valorizasse, mas as dificuldades e os tropeços nos fazem perceber que quando precisamos, podemos mesmo é contar com a família. Isso inclui os amigos, aqueles que, de tão amigos, fazem parte da família.
Mas os verdadeiros são poucos. Cada vez mais fica difícil entender as pessoas e seu individualismo exacerbado.

Estamos muito focados nos nossos próprios interesses e a convivência se torna rápida e com pouco conteúdo. Muita gente, na falta de assunto, desata a maldizer aos outros, como que numa sôfrega tentativa de encontrar razões para crer-se melhor. Mesmo em família, os problemas e as fofocas podem minar relações que os laços de sangue teimam em manter.

A solução única e derradeira está no perdão e na capacidade de amar. De certo é justo querermos crescer e ser pessoas melhores, mais prósperas, mas não custa fazer isso com respeito, dignidade e, principalmente, com amor e compreensão mútua. Vamos em frente.

Neste primeiro ensaio, presto singela, porém sincera homenagem a todos da minha família, especialmente esposa, filhos, pai, mãe, irmãs e avó, pelo apoio, pela paciência, pela amizade e pelo amor ao longo desses anos. Grande beijo a todos.