quarta-feira, 13 de julho de 2011

A derrocada e o perigoso jogo do futebol nacional

O futebol brasileiro atravessa uma das suas maiores crises. Falo principalmente no aspecto técnico. Ou alguém conseguiu nos últimos 8 anos se empolgar com a "bolinha" da seleção brasileira?

Penso que há várias coisas contribuindo para isso, mas algumas são mais impactantes, sendo uma em especial: o interesse financeiro. Cada vez mais empresários e procuradores, quando não acumulam ambas as funções, buscam negociar jogadores para o exterior, cada vez mais jovens.

Há alguns anos, os jogadores saiam do Brasil após se destacarem e darem títulos a seus clubes. Hoje, alguns sequer chegam a atuar no grupo principal. Alguns, inclusive, se formam nas categorias de base dos clubes estrangeiros.

Penso que a Lei Pelé teve sua parcela de responsabilidade. Reside nesse particular um curioso paradoxo: o Rei do nosso futebol, que tanto contribuiu para a popularização do esporte, pode ser um dos principais responsáveis pela sua derrocada, sobretudo pelas perdas financeiras dos clubes com a saída precoce de jogadores, sem a justa contrapartida financeira.

É evidente que há outros fatores. O efeito Ricardo Teixeira e sua ganância, certamente impacta na credibilidade e faz parecer que a ética é algo menos importante que os resultados, e estes menos importantes que o dinheiro. Estamos chegando ao ponto de ver brasileiros torcendo contra a seleção, acreditando que o fraco desempenho seria um tapa de luva no Sr. Teixeira e sua turma, incluindo a Rede Globo. Até as pedras sabem das falcatruas da Globo com a CBF e com o Corínthians, mas ninguém tem coragem de mexer nesse vespeiro. Você já viu a Globo divulgar as acusações que correm mundo afora contra Ricardo Teixeira?

As arbitragens também são de dar pena, ou nojo. Os erros chegam a ser grosseiros e desestimulam quem treina, joga e luta por resultados dentro de campo. Desestimula também as torcidas, já bastante ausentes e desconfiadas com tanta sacanagem. O visível e risível favorecimento ao Corínthians é outro fator, já reconhecido até pela imprensa paulista, tradicionalmente bairrista. Se é armação não se sabe, mas que existe favorecimento ao Corínthians existe.

Nossos dirigentes de clubes também não ficam para trás. Aliás, são eles que elegem o Sr. Teixeira. Vemos dirigientes gastando o que o clube não tem. Grande parte dos nossos clubes, ainda que vendesse todo o patrimônio, não pagaria a dívida. Vemos descalabros que não combinam com um país como o Brasil, onde há jogadores e técnicos de futebol que chegam a ganhar 20 ou 30 vezes mais do que ganha a Presidenta da República. Recentemente o Presidente do Corínthians chegou a anunciar a tentativa de pagar R$ 90 milhões para ter Carlitos Tevez de volta ao Timão. Um absurdo.

A única ilha nesse mar revolto é o futebol feminino, pobre futebol feminino. Dentro de campo muita luta e bom futebol. Fora de campo, abandono quase total, várias jogadoras desempregadas e outras tantas mal ganhando para sobreviver, afinal não dá dinheiro, embora as vezes até dê resultado. A única excessão talvez seja Marta, a "Pelé" do futebol feminino, que joga muito.

E assim seguimos. tudo isso vai desembocar na Copa do Mundo de 2014. É necessário que o governo e os órgãos de fiscalização tomem as rédeas e assumam a responsabilidade, com planejamento e controle. Se deixarem com o Sr. Teixeira, a coisa vai ser feia fora de campo. Dentro de campo, nossa "seleçãozinha" dificilmente vai empolgar, embora talvez até ganhe. Seria um absurdo o anfitrião Brasil não ganhar a copa, se é que me entendem.

Pano rápido, como diria Paulo Henrique Amorin.

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