segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Caxias do Sul: o novo Velho Oeste

A Cidade de Caxias do Sul pode ser considerada um novo Velho Oeste, agora com contornos contemporâneos. Ao invés dos cavalos, os bandidos usam carros, roubados, claro, como manda o figurino.

Os assaltos continuam, claro que agora os bancos são mais sofisticados e os caixas eletrônicos parecem robôs, mas ainda não resistem às dinamites.

As pessoas usam roupas mais modernas e andam de carro, se bem que alguns ainda pareçam carroças. Continuam, entretanto, indefesas sendo vitimadas uma a uma. Os índices de violência não revelam a verdadeira face do horror vivido nas ruas de Caxias do Sul.

Como no Velho Oeste, as ações dos marginais sempre chamam atenção de transeuntes, que saem às janelas e as vezes até dão uma espiada na rua, para, então, voltarem correndo para dentro de suas casas, amedrontados, acuados e indefesos. Sabem, entretanto, que por mais bem vigiada e protegida que seja sua casa, não há local seguro no Novo Velho Oeste.

A polícia continua esforçada. O pobre xerife, antes uma voz solitária na defesa da lei, agora ganhou a companhia de muitos auxiliares, a maioria corajosos e esforçados. Mas uma coisa não muda: sempre há corruptos, ineficientes e aqueles que se não estivessem na corporação, sinceramente, ninguém sentiria a mínima falta.

As autoridades, que deveriam atuar na defesa dos cidadãos de bem, ficam estagnadas ante a ineficiência nos gastos públicos, ante a inércia e a corrupção no judiciário, ante uma legislação branda e quase conivente, ante o poderio bélico e a organização dos bandidos, ante a burocracia sufocante de um estado pesado e lento.

Outra coisa que não muda é a mortalidade das armas e a maldade dos bandidos, que parecem sentir um mórbido prazer em ameaçar, maltratar, agredir e matar pessoas inocentes.

Também não mudam as promessas. O Prefeito Sartori elegeu-se sob uma plataforma que previa verdadeiros milagres na segurança. Caxias seria o novo Eldorado da paz e do sossego, como se isso fosse fácil, bastando um simples reconhecimento: sim a segurança é prioridade. E, como em um passe de mágica tudo deveria se resolver.

A administração municipal, entretanto, tem sua parcela de culpa. A política de segurança é quase uma nulidade. Embora o governo federal disponibilize muitos recursos para a área da segurança, falta projeto. A Guarda Municipal está esquecida e só conseguiu algumas verbas esse ano por iniciativa dos próprios integrantes da corporação. No restante, a adesão da Prefeitura a Programas Federais, que poderia aliviar a pressão, não acontece por puro jogo político. Recentemente algumas iniciativas positivas foram premiadas pelo estado, mas no todo, em termos de ações e políticas integradas de impacto imediato, praticamente nada é feito.

Em nível federal, além do fato positivo da existência de recursos para projetos, percebe-se medidas para melhorar a vigilância nas fronteiras e para tratar e prevenir o consumo de drogas. De qualquer modo, ante a gravidade e grandiosidade do problema, uma das maiores causas da violência, parecem ações ainda tímidas.

O Governo do Estado, até 2010 capitaneado pela Sra. Yeda Crusius, também por questões políticas, deixou de aderir a programas nacionais de segurança. O Governo atual está buscando uma retomada nas ações mais fortes, principalmente com os Territórios da Paz e ações de inteligência, mas a lentidão da máquina pública atrapalha e a escassez de recursos limita. Se há falta de competência na gestão, o tempo ainda é pouco para avaliar, mas na questão operacional, ao menos até agora, em Caxias do Sul, as coisas estão indo de mal a pior.

Outro dia alguns amigos foram assaltados na porta do prédio. A filha de 7 anos pediu, pelo interfone, ajuda à mãe que estava no apartamento. Esta, por sua vez, desesperada, ligou para o telefone 190. Ao invés de providenciar o imediato atendimento da ocorrência, o policial ficou perguntando como era o bandido, qual o CPF dela, a identidade, nome da mãe, da sogra, do cachorro, da vizinha.... A viatura da Brigada demorou quase uma hora para chegar até o local, no Bairro Bela Vista. Adivinha onde estava o bandido? Sem sucesso em levar o carro de minha amiga, já estava no interior de outra residência próxima, buscando ter mais sucesso no seu intento, o que efetivamente conseguiu.

Faltam ações de prevenção, faltam ações repressivas mais fortes, os policiais ganham pouco e estão desmotivados, há corrupção, falta planejamento, falta coragem de mexer em algumas áreas dominadas pela violência e pelo tráfico, falta investimento na estrutura carcerária, falta modificar a lei para torná-la mais dura, enfim, as necessidades são muitas. A realidade mostra que a solução é demorada e, em verdade, ninguém sabe se virá, quando virá e de que forma virá.

E então, o que nos resta fazer Sr. Prefeito, Sr. Secretário de Segurança, Sr. Governador, Sras. e Srs.? Alguém tem alguma idéia? Que Deus nos ajude.

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