Não. Simples assim.
Depois de algum tempo de vida, atualmente margeando o que chamam ardilosamente de meia-idade, cheguei a conclusão de que não existe uma só criatura na face da terra que seja confiável. Ao menos não totalmente confiável.
Tenho visto tantas coisas acontecendo em nível nacional, sobretudo na política, no esporte, nos negócios, na imprensa; tive tantas decepções com algumas pessoas em 2010e também já nesses poucos dias de 2011, que simplesmente concluí que ninguém no mundo é passível de ampla confiança.
A confiança se esvai diante do dinheiro e diante do poder. Nada nesse mundo é capaz de influenciar tanto as pessoas quanto dinheiro e poder. Vejam o paradoxo: pouca coisa ou quase nada nessa vida se faz sozinho, sem, de alguma forma, depender de outro. Confiança é apontada como uma das palavras-chave para o êxito de qualquer atividade. Mas, ao mesmo tempo, não se pode confiar em ninguém plenamente. Creio que nem eu sou muito confiável.
Estou decepcionado com o ser humano. Eu que sou um homem de RH e de gestão, que nada em meu trabalho faço sem apoio de outras pessoas; que dedico parte de minha vida a área da educação, vejo com imensa tristeza a grande e grave crise moral que vivemos.
Diz um Senhor, colega de trabalho, exemplo de correção, que “os tempos são outros”. Ele não se cansa de dizer que hoje em dia tudo está diferente; que as pessoas não se comprometem mais; que tudo é movido por interesse; que a honestidade é vista como caretice; que não existe mais desejo genuíno de cooperar ou de auxiliar as pessoas. Eu sempre concordei em parte. No meu íntimo pensava: “não é tanto assim”. Hoje percebo com pesar que ele está certo.
“Onde vamos parar?” pergunta ele atônito. Sinceramente eu não sei, mas tenho medo do futuro. Dói muito perceber pessoas que se tinha como confiáveis e leais jogarem tudo na lama por uns tostões e por poder. Tenho medo pelos meus filhos, principalmente. Como estará o mundo quando eles forem adultos?
Vivemos uma grave crise moral. Precisamos repensar nossa sociedade, nossa educação (familiar). Não precisamos de novos ideais. Precisamos recuperar os antigos: de confiança, honestidade e lealdade.
Comentários sobre notícias econômicas e políticas; sobre gestão empresarial; tendências do mundo corporativo; gestão de pessoas; esportes e muito mais.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
O jornal nacional desta quinta feira foi irretocável.
Por Paulo Henrique Amorim
Sob a batuta do severo regente Heraldo Pereira, o jornal nacional descreveu a tragédia do Rio com inclinação indiscutível.
A culpa é do Lula.
Lula foi o responsável pela falta de dinheiro, segundo um polêmico site “Contas Abertas”, cujas contas, se abertas, podem surpreender.
Sergio Cabral negou categoricamente que Lula tivesse confiscado dinheiro do Rio.
Não interessa.
Uma repórter com a indumentária que anunciava Mautempo foi implacável: não chateia, seu Lula, o senhor vai para a forca.
A Mautempo copiou a manchete do Globo de hoje: a culpa é do Lula.
E a Dilma ?
A Dilma foi ao Rio ?
Pouco se percebeu.
Ou melhor, a ida de Dilma ao Rio foi um desastre tsunâmico.
Segundo a repórter Cristiana Serra, a Dilma só disse obviedades e foi vacilante, ambígua.
A Serra apareceu mais no VT do que a Dilma.
E para falar mal da Dilma.
E São Paulo ?
Parou de chover ?
A Vila Itaim está alagada ?
O trem do metrô não tem refrigeração e os passageiros têm que andar nos trilhos para poder respirar ?
Não.
Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo e seu leal spalla, o Pereira, não mencionaram São Paulo.
São Paulo é Milão.
É Lucerne, na Suíça.
Ou algum lugar da Austrália, onde um brasileiro deu por telefone um testemunho absolutamente irrelevante no jn.
O jornal nacional não brinca em serviço.
Se o Governo quiser se explicar, que vá para a TV Brasil.
Ou espere o licor de jurubeba do ministro Paulo Bernardo: a banda larga.
A eleição da Dilma foi soterrada na região serrana do Rio pelo Heraldo e o Kamel.
Eles, sim, é que sabem o que interessa ao espectador brasileiro.
Viva o Brasil !
Sob a batuta do severo regente Heraldo Pereira, o jornal nacional descreveu a tragédia do Rio com inclinação indiscutível.
A culpa é do Lula.
Lula foi o responsável pela falta de dinheiro, segundo um polêmico site “Contas Abertas”, cujas contas, se abertas, podem surpreender.
Sergio Cabral negou categoricamente que Lula tivesse confiscado dinheiro do Rio.
Não interessa.
Uma repórter com a indumentária que anunciava Mautempo foi implacável: não chateia, seu Lula, o senhor vai para a forca.
A Mautempo copiou a manchete do Globo de hoje: a culpa é do Lula.
E a Dilma ?
A Dilma foi ao Rio ?
Pouco se percebeu.
Ou melhor, a ida de Dilma ao Rio foi um desastre tsunâmico.
Segundo a repórter Cristiana Serra, a Dilma só disse obviedades e foi vacilante, ambígua.
A Serra apareceu mais no VT do que a Dilma.
E para falar mal da Dilma.
E São Paulo ?
Parou de chover ?
A Vila Itaim está alagada ?
O trem do metrô não tem refrigeração e os passageiros têm que andar nos trilhos para poder respirar ?
Não.
Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo e seu leal spalla, o Pereira, não mencionaram São Paulo.
São Paulo é Milão.
É Lucerne, na Suíça.
Ou algum lugar da Austrália, onde um brasileiro deu por telefone um testemunho absolutamente irrelevante no jn.
O jornal nacional não brinca em serviço.
Se o Governo quiser se explicar, que vá para a TV Brasil.
Ou espere o licor de jurubeba do ministro Paulo Bernardo: a banda larga.
A eleição da Dilma foi soterrada na região serrana do Rio pelo Heraldo e o Kamel.
Eles, sim, é que sabem o que interessa ao espectador brasileiro.
Viva o Brasil !
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
O Globo surta e culpa Lula pelas tragédias das chuvas!
por Augusto da Fonseca, no blog Festival de Besteiras na Imprensa
No dia 11 passado, escrevi um post – que repercutiu em toda a blogosfera -, com o título “Alaga São Paulo”: imprensa continua atuando de forma irresponsável!
Deslizamento de encosta em Itaipava
Neste post demonstrei como as Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros) se omitiam de cobrar dos governos tucanos e do DEM, no Estado de São Paulo, suas responsabilidades pelas tragédias que se seguem após cada chuva intensa, normal no verão.
Profeticamente, escrevi o seguinte parágrafo:
“Daqui a pouco, as Organizações Serra vão inventar um jeito de mostrar que tudo isso que ocorre anualmente em São Paulo é culpa do Lula e será culpa da Dilma.”
Não deu outra! O jornal O Globo – a rede Globo em geral – que passou estes últimos dois meses atribuindo às chuvas a culpa pelas seguintes enchentes, alagamentos, transbordamentos de rios em São Paulo, precisou de apens dois dias de tragédia no Rio para fazer o que?
Colocar a culpa de todas as tragédias no Governo Lula!!!
O Globo surtou de vez, ou será que os Marinho acham que um leitor medianamente esclarecido vai aceitar que as obras de contenção e de prevenção de encostas e a repressão à ocupação irregular das mesmas é culpa do governo federal?
Será que O Globo pensa que o seu leitor é burro o suficiente para não saber que o governo federal não tem atribuição para fazer nada disso, que são atribuições das Prefeituras e dos Governos Estaduais???
O Globo não sabe que o governo federal tem recursos financeiros para estados e municípios mas que só pode liberá-los mediante existência de projetos, o que raramente ocorre?
Quem tem atribuição para fazer mapeamento de risco? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para reprimir as ocupações ilegais ou de risco nas encostas (incluindo a ocupação dos riscos nos morros da Zona Sul do Rio)? A Prefeitura e o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para construir obras de contenção de encostas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para construir obras de amortecimento das enxurradas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
O governo federal, somente se solicitado e mediante projeto adequado, somente pode liberar algum recurso financeiro mas o grosso desses recursos têm que vir dos cofres das Prefeituras e dos Governos dos Estados.
***
Tenham certeza de que a rede Globo vai bater bumbo o dia inteiro na responsabilidade do Lula por tudo o que está acontecendo no Rio. Tudo o que ela tinha que ter feito em São Paulo e não fez.
Essa conjugação de omissão em relação a São Paulo e de exacerbação da luta política contra os governos Lula e Dilma dá toda a razão ao Paulo Henrique Amorim que os classifica como imprensa golpista.
Esse é o único objetivo do Globo: derrubar a Dilma, já que não conseguiu derrubar o Lula.
Nesse intento, esperem atuações patéticas do Jabor, da Míriam, do Merval, do Bonner, do Waack, do Piotto e de outros militantes do movimento “Derruba a Dilma“.
Para concluir, é importante ressaltar a minha posição. Eu não critico apenas o Serra e o Kassab. Ao contrário, eu sempre digo que o papel da chuva é chover, o papel dos governantes é eliminar ou minimizar os efeitos das chuvas intensas e das prolongadas, mas tão importante quanto, o papel de uma imprensa sadia – e não golpista – é informar corretamente e cobrar dos governantes – especialmente dos prefeitos e governadores – ações preventivas, com investimentos volumosos, mas também com ações de emergência, quando a tragédia ocorre.
No dia 11 passado, escrevi um post – que repercutiu em toda a blogosfera -, com o título “Alaga São Paulo”: imprensa continua atuando de forma irresponsável!
Deslizamento de encosta em Itaipava
Neste post demonstrei como as Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros) se omitiam de cobrar dos governos tucanos e do DEM, no Estado de São Paulo, suas responsabilidades pelas tragédias que se seguem após cada chuva intensa, normal no verão.
Profeticamente, escrevi o seguinte parágrafo:
“Daqui a pouco, as Organizações Serra vão inventar um jeito de mostrar que tudo isso que ocorre anualmente em São Paulo é culpa do Lula e será culpa da Dilma.”
Não deu outra! O jornal O Globo – a rede Globo em geral – que passou estes últimos dois meses atribuindo às chuvas a culpa pelas seguintes enchentes, alagamentos, transbordamentos de rios em São Paulo, precisou de apens dois dias de tragédia no Rio para fazer o que?
Colocar a culpa de todas as tragédias no Governo Lula!!!
O Globo surtou de vez, ou será que os Marinho acham que um leitor medianamente esclarecido vai aceitar que as obras de contenção e de prevenção de encostas e a repressão à ocupação irregular das mesmas é culpa do governo federal?
Será que O Globo pensa que o seu leitor é burro o suficiente para não saber que o governo federal não tem atribuição para fazer nada disso, que são atribuições das Prefeituras e dos Governos Estaduais???
O Globo não sabe que o governo federal tem recursos financeiros para estados e municípios mas que só pode liberá-los mediante existência de projetos, o que raramente ocorre?
Quem tem atribuição para fazer mapeamento de risco? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para reprimir as ocupações ilegais ou de risco nas encostas (incluindo a ocupação dos riscos nos morros da Zona Sul do Rio)? A Prefeitura e o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para construir obras de contenção de encostas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
Quem tem atribuição para construir obras de amortecimento das enxurradas? A Prefeitura ou o Governo do Estado.
O governo federal, somente se solicitado e mediante projeto adequado, somente pode liberar algum recurso financeiro mas o grosso desses recursos têm que vir dos cofres das Prefeituras e dos Governos dos Estados.
***
Tenham certeza de que a rede Globo vai bater bumbo o dia inteiro na responsabilidade do Lula por tudo o que está acontecendo no Rio. Tudo o que ela tinha que ter feito em São Paulo e não fez.
Essa conjugação de omissão em relação a São Paulo e de exacerbação da luta política contra os governos Lula e Dilma dá toda a razão ao Paulo Henrique Amorim que os classifica como imprensa golpista.
Esse é o único objetivo do Globo: derrubar a Dilma, já que não conseguiu derrubar o Lula.
Nesse intento, esperem atuações patéticas do Jabor, da Míriam, do Merval, do Bonner, do Waack, do Piotto e de outros militantes do movimento “Derruba a Dilma“.
Para concluir, é importante ressaltar a minha posição. Eu não critico apenas o Serra e o Kassab. Ao contrário, eu sempre digo que o papel da chuva é chover, o papel dos governantes é eliminar ou minimizar os efeitos das chuvas intensas e das prolongadas, mas tão importante quanto, o papel de uma imprensa sadia – e não golpista – é informar corretamente e cobrar dos governantes – especialmente dos prefeitos e governadores – ações preventivas, com investimentos volumosos, mas também com ações de emergência, quando a tragédia ocorre.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Cobrança tardia (ou tudo igual na relação da mídia com os tucanos)
por Luiz Carlos Azenha
Passei o dia de ontem trabalhando na cobertura das enchentes de São Paulo. O mesmo filme de sempre: improvisação, improvisação, improvisação. Um governo incapaz de alertar os moradores da cidade — a não ser para gritar “não saiam de casa”. Um poder público irresponsável, que não arca com as consequências de sua incompetência. Tentativas de jogar a culpa exclusivamente em Deus ( “excesso de chuva”, imitando o “excesso de veículos” que congestiona as ruas, como se não houvesse relação entre congestionamento e governo/desgoverno) e na população (que joga lixo nas ruas). Falta de coleta? De varrição? Não é preciso andar muito por São Paulo para constatar que, além da população mal educada, o próprio poder público contribui com as enchentes ao abandonar as ruas da cidade ao Deus dará.
No meio da tarde, na rádio CBN, o locutor vocifera contra… a “farra dos passaportes”. Isso mesmo. O locutor da CBN, no dia em que São Paulo enfrentou uma das maiores enchentes dos últimos anos, prometia procurar o presidente da OAB para cobrar ação contra a “farra dos passaportes”. Este é o nível de indigência jornalística que permitiu que as coisas chegassem onde chegaram.
Registre-se que a Folha de S. Paulo passou os últimos dias muito ocupada com a “farra dos passaportes”, ou denunciando que o Exército gastou 6 mil reais com o ex-presidente Lula, com farta cobertura inclusive na primeira página.
Em 2009, em texto assinado por Conceição Lemes, o Viomundo denunciou que o governo Serra deixou de fazer a limpeza necessária na calha do rio Tietê, que atravessa a cidade e para a qual convergem outros rios e riachos que cortam a capital paulista. Agora, indiretamente, o governador Geraldo Alckmin admite que a Conceição tinha razão: “Há 2,1 milhões de metros cúbicos que precisam ser retirados do Tietê”, segundo Alckmin. O desassoreamento, afirma o governador, deve ser “eterno”. Tudo indica que o governo Serra negligenciou a manutenção da obra-vitrine do antecessor.
O que deu errado?, pergunta hoje a Folha na capa de um caderno.
É só olhar para o próprio caderno da Folha para entender: na contracapa do caderno dedicado às enchentes em São Paulo, aparece o artigo “O grande timoneiro”, no qual em tom de blague o articulista diz que “Lula só será realmente aclamado pelas massas se der ao Corinthians o Mundial, a Libertadores e um estádio”. A Folha, obcecada por Lula, enquanto São Paulo afunda…
As cobranças do jornal em relação aos governos paulistas são pontuais e não cobrem as questões realmente essenciais: o assoreamento do Tietê, a invasão das áreas de várzea, a presença física de uma central de abastecimento de frutas, verduras e legumes ao lado de um rio fétido que transborda, o (bom ou mau) gerenciamento das represas da Penha e do Cebolão, a falta de piscinões (são justificáveis do ponto-de-vista sanitário?), a obra de ampliação da marginal, a falta de transporte público, a falta de coordenação entre as prefeituras da região metropolitana e a submissão do planejamento da cidade aos interesses da especulação imobiliária (aquela, que anuncia maciçamente seus novos empreendimentos nos jornalões paulistas).
É de se estranhar que vá acontecer tudo de novo, igualzinho, no ano que vem?
Passei o dia de ontem trabalhando na cobertura das enchentes de São Paulo. O mesmo filme de sempre: improvisação, improvisação, improvisação. Um governo incapaz de alertar os moradores da cidade — a não ser para gritar “não saiam de casa”. Um poder público irresponsável, que não arca com as consequências de sua incompetência. Tentativas de jogar a culpa exclusivamente em Deus ( “excesso de chuva”, imitando o “excesso de veículos” que congestiona as ruas, como se não houvesse relação entre congestionamento e governo/desgoverno) e na população (que joga lixo nas ruas). Falta de coleta? De varrição? Não é preciso andar muito por São Paulo para constatar que, além da população mal educada, o próprio poder público contribui com as enchentes ao abandonar as ruas da cidade ao Deus dará.
No meio da tarde, na rádio CBN, o locutor vocifera contra… a “farra dos passaportes”. Isso mesmo. O locutor da CBN, no dia em que São Paulo enfrentou uma das maiores enchentes dos últimos anos, prometia procurar o presidente da OAB para cobrar ação contra a “farra dos passaportes”. Este é o nível de indigência jornalística que permitiu que as coisas chegassem onde chegaram.
Registre-se que a Folha de S. Paulo passou os últimos dias muito ocupada com a “farra dos passaportes”, ou denunciando que o Exército gastou 6 mil reais com o ex-presidente Lula, com farta cobertura inclusive na primeira página.
Em 2009, em texto assinado por Conceição Lemes, o Viomundo denunciou que o governo Serra deixou de fazer a limpeza necessária na calha do rio Tietê, que atravessa a cidade e para a qual convergem outros rios e riachos que cortam a capital paulista. Agora, indiretamente, o governador Geraldo Alckmin admite que a Conceição tinha razão: “Há 2,1 milhões de metros cúbicos que precisam ser retirados do Tietê”, segundo Alckmin. O desassoreamento, afirma o governador, deve ser “eterno”. Tudo indica que o governo Serra negligenciou a manutenção da obra-vitrine do antecessor.
O que deu errado?, pergunta hoje a Folha na capa de um caderno.
É só olhar para o próprio caderno da Folha para entender: na contracapa do caderno dedicado às enchentes em São Paulo, aparece o artigo “O grande timoneiro”, no qual em tom de blague o articulista diz que “Lula só será realmente aclamado pelas massas se der ao Corinthians o Mundial, a Libertadores e um estádio”. A Folha, obcecada por Lula, enquanto São Paulo afunda…
As cobranças do jornal em relação aos governos paulistas são pontuais e não cobrem as questões realmente essenciais: o assoreamento do Tietê, a invasão das áreas de várzea, a presença física de uma central de abastecimento de frutas, verduras e legumes ao lado de um rio fétido que transborda, o (bom ou mau) gerenciamento das represas da Penha e do Cebolão, a falta de piscinões (são justificáveis do ponto-de-vista sanitário?), a obra de ampliação da marginal, a falta de transporte público, a falta de coordenação entre as prefeituras da região metropolitana e a submissão do planejamento da cidade aos interesses da especulação imobiliária (aquela, que anuncia maciçamente seus novos empreendimentos nos jornalões paulistas).
É de se estranhar que vá acontecer tudo de novo, igualzinho, no ano que vem?
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Dilma está certa, mas pode pagar caro
A Presidenta Dilma Rousseff está adotando uma postura corajosa nesse início de governo. Dilma insiste em contrariar a lógica da política brasileira.
Primeiro foi na divisão de cargos. Dilma bancou uma série de ministros técnicos, abrindo mão das indicações políticas. Enfrentou a resistência do PMDB em aceitar o nome indicado ao Ministério da Saúde (o qual eu creio que não era mesmo bom)e decidiu retirar o ministério do partido de Temer. Acabou assumindo Alexandre Padilha do PT e o PMDB teve de se contentar com o Ministério "Abacaxi" da Previdência.
Também contrariou interesses das correntes internas do PT e manteve os nomes de sua confiança.
Assim que assumiu, Dilma teve outro embate com o PMDB, dessa vez pelo segundo escalão. Dilma insistiu e insiste em ter nas estatais gestores ao invés de políticos. O Partido de Temer se revoltou porque perdeu espaço. Toda hierarquia de confiança dos Correios, por exemplo, foi demitida, na tentativa de acabar com foco de problemas que tanto incomodaram Lula. Pressão foi o que não faltou. O líder Henrique E. Alves ameaçou com aumento do salário mínimo acima do previsto no orçamento, o que geraria problemas na previdência e pressionaria a inflação. Todos queremos salário mínimo maior, mas agora não dá. Em 2012 o aumento será bom, devido cenário de crescimento econômico e inflação levemente mais alta.
Pode até ser que Dilma acabe cedendo em parte ás pressões. O recuo estratégico nas nomeações parece vir nesse sentido, mas não se enganem. Dilma não desistiu totalmente.
O mais recente embate com o partido do Vice está na formação do chamado núcleo de decisões ou, como preferem alguns, "núcleo duro do governo". O PMDB queria mais um integrante. A Presidenta alegou que Temer já representava o partido e negou o pedido.
A Presidenta está certa. O problema é que a política nacional não funciona dessa forma. O ex-Presidente Lula foi extremamente habilidoso nessa articulação. Fazendo algumas concessões conseguiu manter a coalizão com vários partidos. É visível que Dilma não tem a mesma disposição. Tomara que isso não crie maiores entraves, mas o governo precisa tomar cuidado para não sofrer boicote na Câmara e no Senado. Uma boa parcela de nossos congressistas (destacadamente alguns do PMDB) costuma ser absolutamente insensível às demandas nacionais ante o desejo pelo poder.
Que entre em ação a turma do "deixa disso".
Primeiro foi na divisão de cargos. Dilma bancou uma série de ministros técnicos, abrindo mão das indicações políticas. Enfrentou a resistência do PMDB em aceitar o nome indicado ao Ministério da Saúde (o qual eu creio que não era mesmo bom)e decidiu retirar o ministério do partido de Temer. Acabou assumindo Alexandre Padilha do PT e o PMDB teve de se contentar com o Ministério "Abacaxi" da Previdência.
Também contrariou interesses das correntes internas do PT e manteve os nomes de sua confiança.
Assim que assumiu, Dilma teve outro embate com o PMDB, dessa vez pelo segundo escalão. Dilma insistiu e insiste em ter nas estatais gestores ao invés de políticos. O Partido de Temer se revoltou porque perdeu espaço. Toda hierarquia de confiança dos Correios, por exemplo, foi demitida, na tentativa de acabar com foco de problemas que tanto incomodaram Lula. Pressão foi o que não faltou. O líder Henrique E. Alves ameaçou com aumento do salário mínimo acima do previsto no orçamento, o que geraria problemas na previdência e pressionaria a inflação. Todos queremos salário mínimo maior, mas agora não dá. Em 2012 o aumento será bom, devido cenário de crescimento econômico e inflação levemente mais alta.
Pode até ser que Dilma acabe cedendo em parte ás pressões. O recuo estratégico nas nomeações parece vir nesse sentido, mas não se enganem. Dilma não desistiu totalmente.
O mais recente embate com o partido do Vice está na formação do chamado núcleo de decisões ou, como preferem alguns, "núcleo duro do governo". O PMDB queria mais um integrante. A Presidenta alegou que Temer já representava o partido e negou o pedido.
A Presidenta está certa. O problema é que a política nacional não funciona dessa forma. O ex-Presidente Lula foi extremamente habilidoso nessa articulação. Fazendo algumas concessões conseguiu manter a coalizão com vários partidos. É visível que Dilma não tem a mesma disposição. Tomara que isso não crie maiores entraves, mas o governo precisa tomar cuidado para não sofrer boicote na Câmara e no Senado. Uma boa parcela de nossos congressistas (destacadamente alguns do PMDB) costuma ser absolutamente insensível às demandas nacionais ante o desejo pelo poder.
Que entre em ação a turma do "deixa disso".
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Desafios perigosos para Dilma
O Governo mal começou e a Presidenta Dilma enfrenta alguns perigosos desafios.
O primeiro deles está na montagem do governo. Todo mundo sabe da sanha carguista do PMDB. O partido, que pousa de salvador e esteio da pátria é, na verdade, um sangue-suga que vive do poder. O PMDB só se mantém porque existe poder e o ícone dessa sanha é, sem dúvida, o Vice-Presidente Michel Temer.
O Sr. Michel Temer é homem perigoso. Ciro Gomes já alertou diversas vezes sobre seu perfil. O Vice-Presidente é homem que tem enorme influência no PMDB e, por conseguinte, pode emparedar qualquer Presidente. Basta ver que ele não renunciou à presidência do partido para assumir o novo posto, apenas licenciou-se. A popularidade e o carisma de Lula foram empecilhos ao aumento da fúria de Temer e do seu partido por cargos. A Presidenta Dilma não tem os mesmos predicados e créditos políticos que seu antecessor. É nisso que o PMDB está apostando para pressioná-la.
O mais forte instrumento de pressão está no congresso. O PMDB sabe que sem o partido na Câmara e no Senado, ficará difícil para Dilma governar. Então, ameaçam com boicote e com votações contrárias aos interesses do governo que, por delegação popular, também devem ser os interesses nacionais. O salário mínimo é um exemplo.
Todo mundo sabe que o salário mínimo precisaria ser melhor. Mas todo mundo sabe também que o Governo Lula fez uma das mais extraordinárias recuperações do salário mínimo da história. Acontece que, nesse momento, o governo precisa segurar os gastos e o fluxo financeiro para conter a inflação e poder baixar os juros. O PMDB sabe dos riscos que o País corre, mas está posando de bom moço, propondo aumento maior do salário mínimo. Interesse no bem do povo? Não. O objetivo é pressionar Dilma a dar mais cargos ao partido. Sempre que quer aumentar seu espaço no poder o PMDB ameaça. Com todo apoio popular, Lula tinha salvaguarda e jogo de cintura.
Uma das coisas que irritou o PMDB foi o fato de Dilma ter ordenado a exoneração de integrantes do partido que ocupavam cargos de segundo escalão, principalmente em diretorias dos Correios. Segundo o novo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a Presidenta ordenou tal mudança para que técnicos assumissem os cargos. Ela não queria mais políticos, mas gestores, o que é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, mormente as de interesse público. Além disso, os Correios foram alvo de várias denúncias nos últimos meses e Dilma queria uma total mudança na estatal. Acontece que o PMDB não quer perder espaço e controle de grandes orçamentos, que dão visibilidade política. Dilma já se viu obrigada e recuar e segurar novas nomeações de segundo escalão. Terá que negociar melhor.
O fato de ter o Vice-Presidente da República pouco importa ao PMDB. O interesse nacional pouco importa ao PMDB. O que importa é o poder. O Vice, agora impedido de fazer de público sua tradicional pressão, pela responsabilidade do cargo, usa interlocutores. Entram em campo o líder do partido na câmara e outros lacaios de Temer.
Sinceramente, para todos nós que acreditamos no Brasil e queremos ver crescer sua grandeza, é tremendamente decepcionante ver que um partido que nasceu da luta pela democracia esteja tão umbilicalmente vinculado a busca pelo comando a qualquer preço. Não existe mais ideologia no PMDB. O partido virou uma trincheira de interesses, as vezes não bem explicados.
Mais respeito merecem os peemedebistas que se mantém fiéis na oposição. Ao menos esses conservam certa coerência.
Vida longa à Dilma. Que Deus dê muita saúde e proteção a nossa Presidenta. Espero que Ela e Lula saibam com quem estão lidando e, principalmente, saibam como agir ante esse risco à nação brasileira que o PMDB e Michel Temer representam.
De qualquer forma, se eu pudesse dar um conselho à Dilma, diria para aumentar a segurança pessoal e dormir igual quero-quero (ave típica do sul do Brasil), mantendo um olho bem aberto.
O primeiro deles está na montagem do governo. Todo mundo sabe da sanha carguista do PMDB. O partido, que pousa de salvador e esteio da pátria é, na verdade, um sangue-suga que vive do poder. O PMDB só se mantém porque existe poder e o ícone dessa sanha é, sem dúvida, o Vice-Presidente Michel Temer.
O Sr. Michel Temer é homem perigoso. Ciro Gomes já alertou diversas vezes sobre seu perfil. O Vice-Presidente é homem que tem enorme influência no PMDB e, por conseguinte, pode emparedar qualquer Presidente. Basta ver que ele não renunciou à presidência do partido para assumir o novo posto, apenas licenciou-se. A popularidade e o carisma de Lula foram empecilhos ao aumento da fúria de Temer e do seu partido por cargos. A Presidenta Dilma não tem os mesmos predicados e créditos políticos que seu antecessor. É nisso que o PMDB está apostando para pressioná-la.
O mais forte instrumento de pressão está no congresso. O PMDB sabe que sem o partido na Câmara e no Senado, ficará difícil para Dilma governar. Então, ameaçam com boicote e com votações contrárias aos interesses do governo que, por delegação popular, também devem ser os interesses nacionais. O salário mínimo é um exemplo.
Todo mundo sabe que o salário mínimo precisaria ser melhor. Mas todo mundo sabe também que o Governo Lula fez uma das mais extraordinárias recuperações do salário mínimo da história. Acontece que, nesse momento, o governo precisa segurar os gastos e o fluxo financeiro para conter a inflação e poder baixar os juros. O PMDB sabe dos riscos que o País corre, mas está posando de bom moço, propondo aumento maior do salário mínimo. Interesse no bem do povo? Não. O objetivo é pressionar Dilma a dar mais cargos ao partido. Sempre que quer aumentar seu espaço no poder o PMDB ameaça. Com todo apoio popular, Lula tinha salvaguarda e jogo de cintura.
Uma das coisas que irritou o PMDB foi o fato de Dilma ter ordenado a exoneração de integrantes do partido que ocupavam cargos de segundo escalão, principalmente em diretorias dos Correios. Segundo o novo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a Presidenta ordenou tal mudança para que técnicos assumissem os cargos. Ela não queria mais políticos, mas gestores, o que é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, mormente as de interesse público. Além disso, os Correios foram alvo de várias denúncias nos últimos meses e Dilma queria uma total mudança na estatal. Acontece que o PMDB não quer perder espaço e controle de grandes orçamentos, que dão visibilidade política. Dilma já se viu obrigada e recuar e segurar novas nomeações de segundo escalão. Terá que negociar melhor.
O fato de ter o Vice-Presidente da República pouco importa ao PMDB. O interesse nacional pouco importa ao PMDB. O que importa é o poder. O Vice, agora impedido de fazer de público sua tradicional pressão, pela responsabilidade do cargo, usa interlocutores. Entram em campo o líder do partido na câmara e outros lacaios de Temer.
Sinceramente, para todos nós que acreditamos no Brasil e queremos ver crescer sua grandeza, é tremendamente decepcionante ver que um partido que nasceu da luta pela democracia esteja tão umbilicalmente vinculado a busca pelo comando a qualquer preço. Não existe mais ideologia no PMDB. O partido virou uma trincheira de interesses, as vezes não bem explicados.
Mais respeito merecem os peemedebistas que se mantém fiéis na oposição. Ao menos esses conservam certa coerência.
Vida longa à Dilma. Que Deus dê muita saúde e proteção a nossa Presidenta. Espero que Ela e Lula saibam com quem estão lidando e, principalmente, saibam como agir ante esse risco à nação brasileira que o PMDB e Michel Temer representam.
De qualquer forma, se eu pudesse dar um conselho à Dilma, diria para aumentar a segurança pessoal e dormir igual quero-quero (ave típica do sul do Brasil), mantendo um olho bem aberto.
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