O Governo mal começou e a Presidenta Dilma enfrenta alguns perigosos desafios.
O primeiro deles está na montagem do governo. Todo mundo sabe da sanha carguista do PMDB. O partido, que pousa de salvador e esteio da pátria é, na verdade, um sangue-suga que vive do poder. O PMDB só se mantém porque existe poder e o ícone dessa sanha é, sem dúvida, o Vice-Presidente Michel Temer.
O Sr. Michel Temer é homem perigoso. Ciro Gomes já alertou diversas vezes sobre seu perfil. O Vice-Presidente é homem que tem enorme influência no PMDB e, por conseguinte, pode emparedar qualquer Presidente. Basta ver que ele não renunciou à presidência do partido para assumir o novo posto, apenas licenciou-se. A popularidade e o carisma de Lula foram empecilhos ao aumento da fúria de Temer e do seu partido por cargos. A Presidenta Dilma não tem os mesmos predicados e créditos políticos que seu antecessor. É nisso que o PMDB está apostando para pressioná-la.
O mais forte instrumento de pressão está no congresso. O PMDB sabe que sem o partido na Câmara e no Senado, ficará difícil para Dilma governar. Então, ameaçam com boicote e com votações contrárias aos interesses do governo que, por delegação popular, também devem ser os interesses nacionais. O salário mínimo é um exemplo.
Todo mundo sabe que o salário mínimo precisaria ser melhor. Mas todo mundo sabe também que o Governo Lula fez uma das mais extraordinárias recuperações do salário mínimo da história. Acontece que, nesse momento, o governo precisa segurar os gastos e o fluxo financeiro para conter a inflação e poder baixar os juros. O PMDB sabe dos riscos que o País corre, mas está posando de bom moço, propondo aumento maior do salário mínimo. Interesse no bem do povo? Não. O objetivo é pressionar Dilma a dar mais cargos ao partido. Sempre que quer aumentar seu espaço no poder o PMDB ameaça. Com todo apoio popular, Lula tinha salvaguarda e jogo de cintura.
Uma das coisas que irritou o PMDB foi o fato de Dilma ter ordenado a exoneração de integrantes do partido que ocupavam cargos de segundo escalão, principalmente em diretorias dos Correios. Segundo o novo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a Presidenta ordenou tal mudança para que técnicos assumissem os cargos. Ela não queria mais políticos, mas gestores, o que é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, mormente as de interesse público. Além disso, os Correios foram alvo de várias denúncias nos últimos meses e Dilma queria uma total mudança na estatal. Acontece que o PMDB não quer perder espaço e controle de grandes orçamentos, que dão visibilidade política. Dilma já se viu obrigada e recuar e segurar novas nomeações de segundo escalão. Terá que negociar melhor.
O fato de ter o Vice-Presidente da República pouco importa ao PMDB. O interesse nacional pouco importa ao PMDB. O que importa é o poder. O Vice, agora impedido de fazer de público sua tradicional pressão, pela responsabilidade do cargo, usa interlocutores. Entram em campo o líder do partido na câmara e outros lacaios de Temer.
Sinceramente, para todos nós que acreditamos no Brasil e queremos ver crescer sua grandeza, é tremendamente decepcionante ver que um partido que nasceu da luta pela democracia esteja tão umbilicalmente vinculado a busca pelo comando a qualquer preço. Não existe mais ideologia no PMDB. O partido virou uma trincheira de interesses, as vezes não bem explicados.
Mais respeito merecem os peemedebistas que se mantém fiéis na oposição. Ao menos esses conservam certa coerência.
Vida longa à Dilma. Que Deus dê muita saúde e proteção a nossa Presidenta. Espero que Ela e Lula saibam com quem estão lidando e, principalmente, saibam como agir ante esse risco à nação brasileira que o PMDB e Michel Temer representam.
De qualquer forma, se eu pudesse dar um conselho à Dilma, diria para aumentar a segurança pessoal e dormir igual quero-quero (ave típica do sul do Brasil), mantendo um olho bem aberto.
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