A Presidenta Dilma Rousseff está adotando uma postura corajosa nesse início de governo. Dilma insiste em contrariar a lógica da política brasileira.
Primeiro foi na divisão de cargos. Dilma bancou uma série de ministros técnicos, abrindo mão das indicações políticas. Enfrentou a resistência do PMDB em aceitar o nome indicado ao Ministério da Saúde (o qual eu creio que não era mesmo bom)e decidiu retirar o ministério do partido de Temer. Acabou assumindo Alexandre Padilha do PT e o PMDB teve de se contentar com o Ministério "Abacaxi" da Previdência.
Também contrariou interesses das correntes internas do PT e manteve os nomes de sua confiança.
Assim que assumiu, Dilma teve outro embate com o PMDB, dessa vez pelo segundo escalão. Dilma insistiu e insiste em ter nas estatais gestores ao invés de políticos. O Partido de Temer se revoltou porque perdeu espaço. Toda hierarquia de confiança dos Correios, por exemplo, foi demitida, na tentativa de acabar com foco de problemas que tanto incomodaram Lula. Pressão foi o que não faltou. O líder Henrique E. Alves ameaçou com aumento do salário mínimo acima do previsto no orçamento, o que geraria problemas na previdência e pressionaria a inflação. Todos queremos salário mínimo maior, mas agora não dá. Em 2012 o aumento será bom, devido cenário de crescimento econômico e inflação levemente mais alta.
Pode até ser que Dilma acabe cedendo em parte ás pressões. O recuo estratégico nas nomeações parece vir nesse sentido, mas não se enganem. Dilma não desistiu totalmente.
O mais recente embate com o partido do Vice está na formação do chamado núcleo de decisões ou, como preferem alguns, "núcleo duro do governo". O PMDB queria mais um integrante. A Presidenta alegou que Temer já representava o partido e negou o pedido.
A Presidenta está certa. O problema é que a política nacional não funciona dessa forma. O ex-Presidente Lula foi extremamente habilidoso nessa articulação. Fazendo algumas concessões conseguiu manter a coalizão com vários partidos. É visível que Dilma não tem a mesma disposição. Tomara que isso não crie maiores entraves, mas o governo precisa tomar cuidado para não sofrer boicote na Câmara e no Senado. Uma boa parcela de nossos congressistas (destacadamente alguns do PMDB) costuma ser absolutamente insensível às demandas nacionais ante o desejo pelo poder.
Que entre em ação a turma do "deixa disso".
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