quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Colorado: Modelo de Gestão

Era o ano de 2002; campeonato brasileiro. O Internacional estava prestes a cair para a segunda divisão do futebol nacional. Seria o coroamento trágico de uma década sem títulos de expressão (o último havia sido a Copa do Brasil em 1992).

Mas na direção do clube do povo havia um predestinado: Fernando Carvalho. Ele mesmo define a situação que encontrou, em uma entrevista ao Portal Terra, em abril de 2009: “As gestões anteriores tentaram aperfeiçoar o trabalho, adaptar a uma nova realidade, mas quando assumi o clube só tinha oito mil sócios pagantes, 70 consulados e o Beira-Rio, em termos de estrutura, estava sucateado. Nosso grupo de jogadores era limitado e poucos jogadores eram contratados. A categoria de base, essa sim era boa, pois vinha do nosso trabalho. Mas a estrutura toda precisou ser trabalhada”. Ele trabalhou, e muito, afinal, tinha uma meta: tirar seu amado colorado de situação tão humilhante para um clube de tamanha grandeza e levá-lo a ser um dos maiores times de futebol do mundo.

Lembro-me de um jornalista, mas não do nome, creio que era da Rádio Gaúcha, que relatou entrevista que teve com Carvalho em 2003. O maior dirigente colorado da história, quando inquirido sobre seus planos para o clube, tomou um caderno que estava no canto de sua mesa e mostrou a meta: SER CAMPEÃO MUNDIAL ATÉ O FINAL DE 2006. E no final de 2006 estava o Inter comemorando o título diante do Barcelona. Coincidência? Não. PLANEJAMENTO; GESTÃO. Sorte? talvez um pouco, mas a sorte só acompanha quem trabalha.

O Internacional elaborou um detalhado planejamento que teve assessoria de renomados colorados. E palmo a palmo, foi trilhando um caminho em busca da excelência na gestão, conforme define Carvalho, quando inquirido sobre o exemplo do Inter: “Nós trabalhamos com a mobilização dos colorados, é uma lição que a gente dá. Claro que temos um estádio e os clubes que têm estádio próprio precisam buscar a fidelização dos torcedores. A administração dá exemplo de gestão e hoje o Inter tem ISO 9000 e seus critérios gerenciais fiscalizados. O patrimônio é um exemplo e agora mesmo estamos fazendo um museu nos moldes de Barcelona e Real Madrid, que será um orgulho. Temos categorias de base que revelam grandes jogadores todos os anos. Vendemos o Alex e já tínhamos as reposições prontas, o Taison e Giuliano. Os clubes podem copiar isso se houver uma observação”.

Então, o segredo do sucesso do Inter está na gestão; no equilíbrio das contas; nas ações que geraram uma receita fixa mensal elevada, através da promoção Sócio Campeão do Mundo; no investimento na geração de craques através das categorias de base, que não só abastece o time principal, mas também possibilita receita com a venda (sem deixar de repor com jogadores do mesmo nível); nas ações de marketing com licenciamento da marca, etc. A ação do Inter, portanto, começou fora do campo. O time é apenas um reflexo de todo um processo de bastidores que transformou o time administrativa e financeiramente, tornando-o mais profissional, mais organizado, sendo gerido como uma verdadeira empresa. Colhe os frutos de um planejamento estratégico bem elaborado e bem executado. Evidente que existem erros, mas se percebe a busca da melhoria contínua e a solução dos problemas, a partir do aprendizado. E mesmo os erros não foram capazes de mudar o foco e a determinação de Fernando Carvalho e seus companheiros.

Esse jeito Colorado de gestão é tão forte e impactante dentro de campo, que foi capaz de mudar convicções e até as feições do ex-carrancudo conterrâneo Celso Roth.

Fora de campo, a próxima cartada está na reformulação e modernização total do complexo Beira-Rio. Com isso, em termos de estádio, o Clube estará parelho com os maiores clubes europeus. Digo em termos de estádio, porque em termos de time já está. O Beira-Rio, aliás, será o estádio oficial da cidade-sede Porto Alegre no Mundial de 2014. Mais uma jogada de marketing que contribuirá para a projeção do time para o mundo. Dentro de campo, a próxima meta é o Bi Mundial, em dezembro.

E assim segue o colorado, cada vez mais forte, mais profissional, mais campeão e mais INTERNACIONAL do que nunca.

Dá-lhe colorado, Bi-Campeão da América.

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